As autoridades egípcias prenderam uma enfermeira aposentada e o pai de uma menina de 15 anos depois de uma operação de mutilação genital feminina (sigla em inglês: FGM) malsucedida que a levou ao hospital devido a um forte sangramento.
A operação ilegal foi denunciada ao Ministério Público pelo médico que a atendeu no hospital.
A FGM está proibida no Egito, mas os críticos dizem que as autoridades fecham os olhos e não responsabilizam os perpetradores, o que incentiva a continuação das operações.
Em janeiro, o gabinete egípcio aprovou penas mais duras contra a prática, elevando a sentença máxima para 20 anos e estipulando a pena de prisão para qualquer pessoa que solicite a operação.
A prática foi proibida em 2008 com punições mais rígidas em vigor em 2016, mas ainda é amplamente praticada por cristãos e muçulmanos, indicando que as autoridades não conseguiram pôr fim a essa brutalidade.
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Além de ser extremamente dolorosa, a operação pode causar complicações no parto, infertilidade e morte por infecção.
De acordo com a UNICEF, quase 90% das mulheres e meninas egípcias com idades entre 15 e 49 anos foram submetidas à FGM. É um dos quatro principais países do mundo onde o procedimento é realizado.
Em junho do ano passado, um pai de três meninas organizou o corte de suas filhas depois de dizer que estavam sendo vacinadas contra o coronavírus.
No início daquele ano, Nada Abdul Maksoud, de 12 anos, morreu depois que seus pais a forçaram a se submeter à FGM e ela sangrou até a morte.
O médico que realizou a operação foi liberado imediatamente.
Frequentemente, as mulheres são circuncidadas sem anestésico, pois os médicos cobram mais e as famílias não podem pagar ou não querem pagar. Os médicos costumam cobrar preços altos pela FGM, uma vez que a operação é ilegal.
Os números oficiais indicam que o número de mulheres afetadas pela FGM em todo o mundo é de 200 milhões, mas ativistas de direitos humanos dizem que isso é uma grande subestimação.