A Organização Mundial da Saúde (OMS) está empregando equipes por toda a Síria para dar início a seu programa de vacinação, tanto em áreas controladas pelo governo quanto no território mantido pela oposição.
Por ora, a previsão da campanha é abril, anunciou a agência das Nações Unidas nesta quarta-feira (3), segundo informações da agência Reuters.
Akjemal Magtymova, representante da OMS em Damasco, afirmou que o programa internacional de vacinação Covax planeja imunizar 5 milhões de sírios – 20% da população total do país –, apesar da guerra civil que já dura quase onze anos.
“Estamos preparando nosso plano de distribuição e vacinação junto do Ministério da Saúde, para garantir que o programa seja bem-sucedido”, declarou Magtymova.
A prioridade é vacinar profissionais de saúde sob alto risco de contágio, assistentes sociais e grupos mais vulneráveis.
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A maioria dos sírios vive hoje em áreas sob controle do regime de Bashar al-Assad, mas a oposição ainda mantém partes do noroeste e nordeste do país. Cerca de um quarto da população na Síria foi deslocada; a maioria vive em campos de refugiados.
A aliança GAVI, grupo que colidera a iniciativa Covax junto da OMS, anunciou na última semana que pretende distribuir 2.3 bilhões de vacinas em todo o mundo, até o fim de 2021, incluindo 1.8 bilhões de doses gratuitas a países pobres.
“Tenho esperanças de que começamos em abril, mas pode demorar mais dependendo de inúmeros fatores”, declarou Magtymova à Reuters, em entrevista por telefone, para esclarecer os planos na Síria. “Temos de equilibrar diversos fatores desconhecidos”, reiterou.
Como outros países que aguardam a vacinação através da iniciativa Covax, a Síria também pode obter suprimentos diretamente das empresas farmacêuticas. Até então, porém, o regime de Assad não anunciou qualquer acordo bilateral.
Oficiais de saúde alegam que Damasco negocia com China e Rússia.
Além das dificuldades logísticas de distribuir o imunizante para além das linhas de batalha, a Síria enfrenta o fardo adicional de novas sanções financeiras internacionais.
Remédios costumam ser isentos de sanções, mas fontes da ONU reportaram que as novas restrições deixaram Damasco sem capacidade econômica para negociar a entrega. O regime sírio decidiu então desacelerar o processo ao criar riscos jurídicos.
Magtymova declarou que qualquer remessa segura que possa ser obtida pela Síria ajudará efetivamente a disponibilizar o imunizante à população.
A OMS, não obstante, não tem qualquer influência em tais acordos bilaterais.