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Turquia transferiu à força 60 sírios para suas prisões, diz HRW

Membros das Forças Armadas Turcas (TSK na sigla em inglês), na Síria, em 15 de outubro de 2019. [Behçet Alkan/Agência Anadolu]
Membros das Forças Armadas Turcas (TSK na sigla em inglês), na Síria, em 15 de outubro de 2019. [Behçet Alkan/Agência Anadolu]

Mais de 60 cidadãos sírios foram presos e transferidos ilegalmente do nordeste da Síria para a Turquia para enfrentar julgamento por graves acusações que podem levar à prisão perpétua pela Turquia e pelo Exército Nacional Sírio, disse hoje a Human Rights Watch (HRW).

O grupo internacional de direitos humanos disse que os documentos obtidos mostram que os detidos foram presos na Síria e transferidos para a Turquia, em violação das obrigações da Turquia sob a Quarta Convenção de Genebra, como potência ocupante no nordeste da Síria.

O vice-diretor para o Oriente Médio da Human Rights Watch, Michael Page, diz que a Turquia deve respeitar os direitos das pessoas de acordo com a lei de ocupação no nordeste da Síria.

“A Human Rights Watch conseguiu obter 4.700 páginas de documentos oficiais do governo turco que detalham nomes, acusações, relatórios médicos e supostas evidências contra 63 cidadãos sírios que foram detidos na Síria e transferidos para a Turquia entre 11 de outubro de 2019 e 6 de dezembro de 2019”, informou a organização em seu site.

As autoridades turcas e um grupo armado afiliado ao grupo antigoverno apoiado pela Turquia, o Exército Nacional Sírio, prenderam os cidadãos sírios, tanto árabes quanto curdos, entre outubro e dezembro de 2019 em Ras Al-Ayn (Serekaniye), no nordeste da Síria, depois que a Turquia assumiu o controle efetivo da área, explicou o grupo.

A papelada, acrescentou, mostra “que as autoridades judiciárias turcas tomaram uma decisão com o propósito de estender a autoridade do governo turco de Şanlıurfa a áreas designadas na Síria”.

“De acordo com os documentos, todos os homens detidos, à exceção de dez, eram membros ou estavam ligados ao Democratic Union Party (PYD), o partido político liderado pelos curdos que fazia parte da Autoadministração Curda.”

Em outubro de 2020, cinco dos 63 sírios, incluindo um cujos parentes a Human Rights Watch entrevistou, foram condenados à prisão perpétua sem liberdade condicional por “minar a unidade e integridade territorial do estado”, disseram seus advogados.

A Turquia tem lutado contra grupos curdos dentro de seu próprio território e na Síria, e apelando às potências internacionais para não apoiá-los na luta contra o presidente sírio Bashar Al-Assad.

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