A atual pandemia de coronavírus resultou em um aumento nos conflitos e escalada na ameaça de grupos terroristas, alertaram especialistas da ONU em relatório divulgado ontem (4).
O painel de experts avaliou que o risco de violência em zonas de conflito aumentou consideravelmente no segundo semestre de 2020, sobretudo porque milícias conseguiram operar livremente apesar das restrições impostas à sociedade, incluindo oficiais de segurança.
Segundo o painel, grupos paramilitares filiados à Al-Qaeda continuam a operar na Síria, enquanto células do grupo terrorista Daesh ainda estão presentes na Síria e Iraque.
A maior ameaça, contudo, parece residir no Afeganistão, que permanece como o pior país do mundo em risco de atentados terroristas.
Em fevereiro de 2020, um acordo histórico entre o grupo Talibã e o governo afegão apoiado pelos Estados Unidos foi assinado no Catar, com esperanças de encerrar em breve o conflito que assola o país há quase duas décadas.
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Entretanto, com poder a ser compartilhado e retirada gradual das tropas americanas, o acordo implodiu durante o ano. Segundo relatos, 600 civis afegãos e 2.500 oficiais de segurança foram mortos neste período.
O Irã ofereceu-se como mediador, ao receber figuras de liderança do Talibã há uma semana e exortar a criação de um governo inclusivo em Cabul.
O relatório das Nações Unidas detalha também o aumento de incidentes terroristas em outras partes do mundo, como no continente africano. Grupos terroristas, por exemplo, intensificaram ações no Egito, Moçambique, Somália e na região do Sahel.
Os especialistas observaram ainda que certos estados-membros da ONU, por ora não-identificados, prevêem uma onda de ataques terroristas pré-planejados, à medida que a pandemia se atenua e que as restrições são suspensas.
O aumento nas operações terroristas em áreas de conflito contraria algumas previsões feitas logo no início da pandemia, segundo as quais se acreditava que a ameaça do coronavírus seria um denominador comum e não mais outro fator sectário.