Segunda-feira (8), o general Min Aung Hlaing, chefe da Junta Militar de Myanmar, afirmou que os refugiados Rohingya continuarão a se repatriados para o estado de Rakhine. Ele também tentou justificar o golpe, dizendo ser “inevitável” e que o governo militar seria “diferente” desta vez.
Sem provas, Aung Hlaing reafirmou que as eleições de novembro foram fraudadas; e que embora “as eleições anteriores em 2010 e 2015 tenham sido justas e livres”, a última estava “cheia de irregularidades”, as provas, para ele, são a alta participação púbica, apesar da pandemia. Ele acrescentou que havia pelo menos 200 reclamações de fraudes eleitorais e prometeu investigá-las.
O general afirmou que a tomada de poder havia sido de acordo com a constituição, e que seria “diferente” do reinado anterior que terminou em 2011, os militares governaram Myanmar por 49 anos.
“Após a conclusão das tarefas do período de emergência, serão realizadas eleições gerais multipartidárias livres e justas, de acordo com a constituição”, prometeu. “A parte vencedora será transferida para o Estado de acordo com os padrões democráticos”.
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Logo depois de derrubar o governo eleito democraticamente, o novo regime militar enviou uma carta ao governo de Bangladesh através de seu embaixador em Mianmar. Na carta que não foi divulgada, ele explica as razões para o golpe e também menciona uma possível solução para resolver a crise de Rohingya. O Ministro das Relações Exteriores de Bangladesh, Abdul Momen, de acordo com o Dhaka Tribune, respondeu que estas eram boas notícias e era “um bom começo”.
Segundo reportagem do Nikkei Asia, os refugiados Rohingya não sentem que a sua segurança está garantida após a repatriação. Bangladesh e Myanmar, que tem maioria budista, concordaram em encorajar os refugiados a retornarem voluntariamente, mas poucos estão dispostos a isso.
O grupo de minoria muçulmana foi expulso de suas terras no estado de Rakhine em agosto de 2017 pelos militares que atacaram e incendiaram as aldeias. O Rohingya agora são apátridas apesar de terem vivido em Rakhine por muitas gerações.
Nas redes sociais, perfis de pessoas do grupo muçulmano têm criticado o governo militar, manifestando apoio aos manifestantes de Myanmar. No Twitter, o presidente da organização birmanesa Rohingya no Reino Unido, Tun Khin, disse que a brutalidade de Min Aung Hlaing desencadeou um genocídio que expulsou mais de 700 mil muçulmanos para Bangladesh. “Vemos agora que sua brutalidade não está limitada aos Rohingya e outras minorias étnicas, o país inteiro está cambaleando com seu golpe.”, complementa o refugiado e ativista, compartilhando o vídeo em que denunciou a diáspora de 2017.
The brutality of #MinAungHlaing “unfinished business” sparked a genocide and sent more than 700,000 #Rohingya fleeing into #Bangladesh. We're now seeing that his brutality is not limited to the Rohingya and other ethnic minorities, the entire country is reeling from his coup. https://t.co/mHOqJMLTdD
— Tun Khin (@tunkhin80) February 10, 2021
“É encorajador ver os manifestantes usando esta oportunidade para defender os direitos das minorias étnicas perseguidas, como a Rohingya. Esperamos que este possa ser um ponto de virada para a unidade entre os grupos étnicos em #Myanmar. Estamos todos juntos nisto.”, Khin twittou.
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No entanto, milhares de manifestantes de Myanmar continuam nas ruas exigindo a libertação de Min Aung Hlaing, presa dia 1° de fevereiro, durante o golpe de estado, e o respeito ao resultado das eleições.