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Inquérito Grenfell: Empresa de revestimento continuou com as vendas no exterior apesar dos incêndios no Oriente Médio

Fogo atravessa a Torre Grenfell enquanto os bombeiros tentam controlar um enorme incêndio em 14 de junho de 2017, no oeste de Londres. [DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP via Getty Images]
Fogo atravessa a Torre Grenfell enquanto os bombeiros tentam controlar um enorme incêndio em 14 de junho de 2017, no oeste de Londres. [DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP via Getty Images]

O fabricante de revestimentos Grenfell não parou as vendas de painéis altamente inflamáveis, apesar de estarem ligados a uma série de incêndios no Oriente Médio, por serem mais lucrativos, informou o New Arab.

Antes do incêndio devastador da Torre Grenfell em Kensington, no oeste de Londres – que matou 72 residentes do alto prédio de apartamentos – o fabricante de revestimentos Arconic havia discutido sobre a retirada do mercado dos painéis altamente inflamáveis à base de polietileno, contou a ex-gerente de vendas, Deborah French, a um oficial britânico do inquérito sobre Grenfell.

“Eles costumavam vender dezenas e dezenas e dezenas de milhares de metros quadrados desse material todo mês”, disse French sobre as pilhas de revestimento vendidas aos Emirados Árabes Unidos.

Em 2013, um incêndio relacionado ao revestimento na cidade de Sharjah nos Emirados Árabes Unidos foi descrito como um “inferno em torre”, e supostamente “cresceu pela lateral do edifício”. Testemunhas descreveram o fogo como semelhante a uma “vela romana subindo” e descreveram cenas dos escombros queimando sendo lançados em direção ao chão. Nenhuma morte foi relatada.

Estes incêndios foram associados a anteriores ocorridos em 2012, em Dubai e Sharjah, nos quais os edifícios ficaram envoltos em chamas de maneira semelhante.

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Supostamente, a empresa sabia, já em 2015, que os painéis de revestimento usados no projeto Grenfell eram altamente inflamáveis, mas optou por permanecer calada sobre o assunto.

Os franceses alegaram que o revestimento rival Alucobond estava considerando retirar esses painéis inflamáveis do mercado, mas a Arconic decidiu não o fazer, pois a venda exclusiva de painéis anti-incêndio teria rendido menos dinheiro.

A validade do certificado de segurança britânico para o revestimento em questão apresentado aos clientes também foi discutida, pois afirmava ter uma classificação de classe 0 para inflamabilidade (a mais segura na escala britânica), em comparação com o relatório europeu de classificação de incêndio que tinha marcado um “E” incrivelmente baixo. Fato que não foi revelado pelo o inquérito consultado.

Em setembro, quando pressionado pelo Inquérito Grenfell, o diretor de vendas, Geof Blades, da empresa CEP, que trabalhou com a Arconic para cortar os painéis sob medida, disse que quando um enorme incêndio atingiu uma torre nos Emirados Árabes Unidos, em 2013, não provocou nenhum “alarme” sobre a segurança do revestimento.

O inquérito continua.

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