Neste domingo, 14, em Buenos Aires, morreu o ex-presidente da Argentina, Carlos Menem, que governou o país de 1989 até 1999. Com a saúde debilitada, o político de origem síria teve complicações devido a uma infecção urinária e no ano passado já havia sido internado por algumas semanas por causa de uma pneumonia.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, lamentou a morte em seu Twitter e enviou seu pesar à ex-mulher de Menem, Zulema Yoma e à filha dos dois, Zulemita Menem.
“Foi com profundo pesar que soube da morte de Carlos Saúl Menem. Sempre eleito democraticamente, ele foi governador de La Rioja, Presidente da Nação e Senador Nacional. Durante a ditadura, ele foi perseguido e preso. Envio todo meu amor à Zulema, à Zulemita e a todos aqueles que o choram hoje.”.
Con profundo pesar supe de la muerte de Carlos Saúl Menem. Siempre elegido en democracia, fue gobernador de La Rioja, Presidente de la Nación y Senador Nacional. En dictadura fue perseguido y encarcelado. Vaya todo mi cariño a Zulema, a Zulemita y a todos los que hoy lo lloran. pic.twitter.com/m3zYdQV781
— Alberto Fernández (@alferdez) February 14, 2021
Atualmente, ele cumpria mandato de senador pela província de La Rioja, onde nasceu. O velório, aberto ao público, aconteceu nessa segunda feira, na sede do Congresso com todas as honras. Ele será sepultado no cemitério islâmico de Buenos Aires, ao lado de seu filho, Carlos Junior, que faleceu em um acidente de helicóptero em 1995.
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“Ele vai descansar no cemitério islâmico com meu irmão, apesar de professar a religião católica, para ficar com meu irmão”, disse sua filha Zulemita Menem à imprensa.
O peronista Menem era chamado de “O turco”, em uma generalização à sua origem síria, e foi o primeiro presidente a ser reeleito em 50 anos. Seu governo foi marcado por políticas neoliberais, privatizou a maioria das empresas públicas, estreitou laços com os Estados Unidos e estabeleceu a paridade entre o peso e o dólar, o que gerou um crescimento econômico repentino, mas estourou em 2001, causando a pior crise econômica da história do país. A valorização da moeda argentina fez com que muitas empresas nacionais fossem à falência.
Ele foi advogado, governador, senador e presidente. Sua família migrou da Síria para La Rioja, uma província até então pobre e despovoada, na primeira metade do século 20, onde construíram uma bem-sucedida vinícola. No local, ele teve dezenas de propriedades extravagantes, inclusive a mansão “La Rosadita”, inspirada na estética da Casa Rosada presidencial.
Ele foi preso duas vezes durante os regimes militares das décadas de 70 e 80. Durante seu governo, as tropas argentinas participaram da Guerra do Golfo de 1991 contra o Iraque. E o país foi cenário de dois atentados, um em 1992, contra a embaixada israelense em Buenos Aires e outro em 1994, contra o Centro Judaico AMIA. Menem foi julgado por supostamente encobrir o ataque contra a AMIA, considerado o pior ataque terrorista do país, mas foi inocentado em 2019.
Em 2013, ele foi condenado a sete anos de prisão por suposto contrabando de armas argentinas para a Croácia e Equador nos anos 90, contrariando embargos internacionais. Ele evitou a prisão por imunidade parlamentar, e nos últimos anos foi absolvido; o caso foi arquivado em 2017.
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