A Turquia conduziu na semana passada uma operação militar no norte do Iraque contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo que considera terrorista, informando depois que não conseguiu salvar 13 reféns turcos mantidos pelo grupo por quatro anos, disseram os críticos.
O governo turco anunciou no fim de semana que os reféns, que não foram identificados publicamente, foram encontrados executados em um complexo de cavernas no norte do Iraque depois que a operação matou 48 militantes do PKK.
De acordo com o anúncio feito pelo ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, no centro de controle da operação perto da fronteira com o Iraque, 12 dos turcos sequestrados teriam sido baleados na cabeça e um no ombro.
“De acordo com a informação inicial dada por dois terroristas capturados vivos, nossos cidadãos foram martirizados no início da operação pelo terrorista responsável pela caverna”, afirmou Akar. Ele acrescentou que a Operação Claw-Eagle 2, aérea e terrestre, iniciada em 10 de fevereiro, foi lançada com a dupla intenção de atacar militantes do PKK no norte do Iraque e resgatar os reféns turcos.
Os refénsteriam sido sequestrados por volta de 2015 e 2016 e detidos no grande complexo de cavernas na região montanhosa de Gara, no Iraque, por quatro anos. Embora inicialmente tenham sido oficialmente considerados civis, alguns veículos revelaram que eram policiais e agentes de inteligência turca.
PKK executes 13 Turkish hostages, presumably former soldiers and police, during a Turkish military operation in Iraq’s Gara region.
Turkey also lost three Turkish soldiers during the operation.
This map shows the cave base of PKK, which had several rooms pic.twitter.com/rmPAIZz2DK
— Ragıp Soylu (@ragipsoylu) February 14, 2021
Os críticos da Turquia e sua operação questionaram se Ancara mentiu sobre a execução dos reféns, alegando ser uma história para encobrir a matança acidental de 13 turcos pelos próprios militares turcos durante seus ataques. O jornalista turco-curdo com sede em Bruxelas, Fehim Isik, expressou seu ceticismo no Twitter, dizendo: “Os prisioneiros foram mantidos durante anos pelo PKK, que não os matou. Por que os mataram agora?”
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“No passado, a Turquia não conseguiu recuperar membros de suas forças após negociações com o Partido dos Trabalhadores? Por que preferiu que os prisioneiros morressem desta vez? Quem se beneficia com sua morte?”, Isik indagou.
Outros criticaram totalmente a operação militar, culpando o partido AK pelas mortes dos reféns. O membro do parlamento Omer Faruk Gergerlioglu, do partido de oposição turco HDP, afirmou no Twitter que a família dos cativos o abordou há dois anos e meio, buscando seu retorno seguro. “Se houvesse uma atmosfera de paz, talvez essas pessoas estivessem vivas […]. Eu faria qualquer coisa pela vida, mas os funcionários do estado nunca pensaram nisso”, disse ele.
Ontem, com o fim da operação na Turquia, os militares americanos – que apoiam grupos curdos na Síria – transportaram dezenas de veículos que levavam ajuda e assistência às Unidades de Proteção Popular (YPG) e às Forças Democráticas Sírias (SDF). Os veículos militares supostamente vieram do norte do Iraque para o nordeste da Síria, onde as organizações curdas e sua administração controlam seu território.
Após esses eventos, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, condenou hoje os “padrões duplos” das nações ocidentais em sua posição sobre o terrorismo, expressando o desapontamento de Ancara com o apoio contínuo dos EUA e de outros a grupos que dizem estar alinhados com o PKK.
“O duplo padrão do mundo ocidental em relação ao terrorismo e sua abordagem seletiva sobre ‘terrorista bom’ e ‘terrorista ruim’ continua”, escreveu Cavusoglu no Twitter, usando as hashtags #PKKisaHeinousTerroristOrganisation e #PKKExecutesCivilians.
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