Gilad Erdan, embaixador de Israel nos Estados Unidos, afirmou que seu país pode não se engajar com a estratégia do presidente americano Joe Biden sobre a questão nuclear do Irã, segundo informações da agência Reuters divulgadas nesta terça-feira (16).
Ao contrário, Erdan reivindicou mais sanções e uma “ameaça militar convincente” contra Teerã, a fim de dissuadir a república islâmica de seu programa de desenvolvimento atômico.
O novo governo de Joe Biden tornou a retomada do acordo nuclear de 2015 uma prioridade, mas alertou que a medida depende do Irã cumprir suas obrigações perante o pacto.
“Não poderemos participar deste processo, caso a nova administração retorne ao acordo”, declarou Erdan à rádio militar israelense, em referência ao Plano de Ação Conjunta Global, assinado em 2015 e revogado unilateralmente pelo ex-presidente Donald Trump, em 2018.
Segundo relatos, assessores do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu questionam nos bastidores se engajar-se com os esforços do governo americano pode prejudicar Israel, ao sugerir falsamente consentimento a qualquer acordo a que de fato se opõe.
Israel não é signatário do tratado, mas possui um poderoso lobby no Congresso dos Estados Unidos. Além disso, as ameaças de Netanyahu de assumir medidas militares unilaterais contra o Irã, caso a diplomacia se esgote, também são consideradas tática de influência.
“Pensamos que, caso os Estados Unidos retornem ao acordo do qual já se retraiu, toda a vantagem será perdida”, alegou Erdan.
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“Parece então que somente as piores sanções, isto é, as sanções vigentes e mesmo novas sanções, combinadas com uma ameaça militar convincente, que o Irã teme, podem trazer Teerã a negociações reais junto dos países ocidentais, para produzir enfim um acordo verdadeiramente capaz de impedir seus avanços [nucleares]”, prosseguiu.
Segundo a Reuters, o governo Biden pretende aumentar a pressão contra o Irã para que cumpra os termos do acordo antes de renegociá-lo.
Teerã insiste que seu programa nuclear é destinado apenas a fins pacíficos.