Sisi propõe limite de dois filhos por família para poupar US$1 trilhão dos cofres públicos

Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi e sua esposa Entissar Amer em Xiamen, China, 4 de setembro de 2017 [Mikhail Svetlov/Getty Images]

O Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi exortou a população a não ter mais que dois filhos para reduzir gastos do estado.

Em 1° de janeiro, a Agência Central de Estatísticas e Mobilização Pública anunciou que a população do Egito chegou a 101.38 milhões de pessoas, com aumento de 1.38 milhões no período de dez meses.

Há cerca de 20 milhões de pessoas somente nas províncias de Cairo e Giza.

“As condições de vida estão piorando e precisamos de trilhões de dólares para compensar o aumento populacional”, afirmou o general e presidente egípcio em uma conferência médica realizada em Ismailia, no início desta semana.

Sisi destacou que as condições de vida não deverão melhorar até que haja um controle do crescimento demográfico. Cerca de um terço dos egípcios vivem abaixo da linha da pobreza.

A Ministra da Saúde Hala Zayed alegou ainda que a população cada vez maior do país norte-africano representa um enorme fardo para o estado.

Sisi já afirmou antes que a questão demográfica e o terrorismo são as maiores ameaças enfrentadas pelo Egito.

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Em 2018, o regime egípcio lançou seu programa de planejamento familiar Itneen Kefaya (“Dois Basta”), na tentativa de alterar a mentalidade familiar que decorre em altas taxas de natalidade e conscientizar os cidadãos sobre métodos contraceptivos.

No último ano, Sisi comparou o Egito à população da Alemanha, ao argumentar que esta não aumentou nos últimos 25 anos e, portanto, não precisa investir em novas infraestruturas de tratamento de água ou geração de energia elétrica.

Sisi, porém, tem quatro filhos.

Críticos destacam que o governo tenta efetivamente culpar a crise econômica e social à própria população, enquanto continua a exaurir enormes somas de dinheiro público em projetos de luxo com pouco ou nenhum benefício ao cidadão comum.

O exército controla grande parte da economia do Egito, ao manter um monopólio sobre diversas indústrias. Desta forma, o generalato é fonte crucial de corrupção e da pobreza diretamente causada pela negligência pública.

O governo também gasta recursos exorbitantes na compra de armamentos de países ocidentais, embora tais equipamentos sejam utilizados raramente ou aplicados na prática para reprimir violentamente a própria população.

Críticos questionam a tese de Sisi, que pressupõe que a desaceleração demográfica implica na solução de problemas crônicos do país, e reiteram que uma melhora poderia ocorrer de fato, caso o regime interrompesse sua implacável supressão das liberdades civis.

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