O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, instou o presidente dos EUA, Joe Biden, a manter as sanções impostas pelo ex-presidente Donald Trump ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Trump intensificou as hostilidades contra o TPI em junho, autorizando novas sanções contra promotores e funcionários em Haia. O ato de Trump tinha como objetivo enviar um alerta sobre a investigação do tribunal sobre alegações de crimes contra a humanidade cometidos por militares americanos e oficiais de inteligência, incluindo tortura e estupro no Afeganistão e em instalações de interrogatório da CIA no exterior, durante a campanha de quase duas décadas contra o Talibã.
O TPI também concluiu que tem jurisdição sobre crimes cometidos nos territórios palestinos ocupados, uma determinação que pode levar a funcionários israelenses sendo processados por crimes de guerra. Israel desde então liderou uma campanha internacional para bloquear qualquer investigação futura do TPI sobre tais crimes.
Netanyahu teria pedido a Biden para manter as sanções intactas durante seu primeiro telefonema na semana passada, de acordo com Axios. Israel está muito preocupado que qualquer investigação possa levar à emissão de mandados de prisão internacionais contra autoridades israelenses e oficiais do exército e impulsionar campanhas de BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) contra o estado de ocupação.
“Em meu telefonema com o presidente Biden, falamos sobre nossa obrigação moral de proteger nossas tropas contra aqueles que estão tentando difamar sua moralidade com falsas alegações”, explicou Netanyahu.
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A questão também foi levantada em um telefonema recente entre o Ministro de Relações Exteriores de Israel, Gabi Ashkenazi, e seu homólogo de Washington, Antony Blinken. De acordo com Axios, os diplomatas israelenses argumentaram que, mesmo que o novo governo discorde das sanções, deve mantê-las em vigor como uma alavanca a ser usada contra o TPI.
Enquanto isso, um novo promotor foi eleito pelo TPI para substituir Fatou Bensouda em junho. A escolha do advogado britânico Karim Khan levantou dúvidas sobre se a investigação do TPI sobre as ações de Israel nos territórios palestinos ocupados algum dia acontecerá.