Neste sábado (27), em sua segunda visita a Teerã em apenas um mês, o Ministro de Relações Exteriores do Iraque Fuad Hussein conduziu conversas abrangentes com diversos oficiais iranianos de alto escalão, reportou a agência Anadolu.
Em encontro com sua contraparte iraniana Mohammad Javad Zarif, ambos debateram a “expansão de laços bilaterais e questões regionais e internacionais”.
No Twitter, Zarif enalteceu os “esforços construtivos do Iraque para a segurança regional”, ao destacar o compromisso de Teerã com a estabilidade no país vizinho. O chanceler iraniano enfatizou que seu país “rejeita atos de agressão dos Estados Unidos contra forças do Iraque”.
Apenas um dia antes da visita de Hussein à capital iraniana, forças dos Estados Unidos conduziram um ataque aéreo contra a região leste da Síria, na fronteira com o Iraque, contra “instalações de milícias ligadas ao Irã”.
O governo iraniano condenou veementemente a ofensiva. O Pentágono alegou retaliação a recentes ataques contra forças dos Estados Unidos e sua coalizão no Iraque.
Os ataques contra tropas americanas e comboios de suprimento militar em solo iraquiano se intensificaram nos últimos meses. Washington culpabilizou “grupos paramilitares ligados ao Irã” pelos recorrentes ataques, mas Teerã negou as acusações.
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Hussein também reuniu-se com Ali Shamkhani, chefe do Supremo Conselho de Segurança Nacional do Irã, que asseverou ao chanceler iraquiano que o recente ataque aéreo foi:
“parte de tentativas de Washington de ressuscitar o terrorismo organizado”.
“O Irã e outros países que combatem o terrorismo não permitirão que o terrorismo apóstata [takfiri], filiado a entes estrangeiros, ressucite na região”, declarou Shamkhani, ao acusar os Estados Unidos de promover o chamado takfirismo no Oriente Médio.
O oficial iraniano também observou receios sobre o “atraso da implementação” da lei aprovada pelo parlamento iraquiano que determina a retirada das tropas estrangeiras no país devastado pela guerra.
Outras questões que pautaram as conversas do diplomata iraniano com representantes de Teerã incluíram a remessa de fundos iranianos ao Iraque, que deverão ser determinados por um acordo alcançado entre ambas as partes.
Recentemente, a empresa estatal de gás natural do Irã cortou o fornecimento da matéria-prima ao Iraque devido à inadimplência de dívidas, antes dos dois países fecharem um novo acordo sobre o pagamento da dívida excedente.
Sanções dos Estados Unidos também impediram a república islâmica de acessar seus recursos em diversos países, incluindo o Iraque. Teerã, porém, decidiu intensificar esforços para retomar seus investimentos.
Trata-se da segunda visita do chanceler iraquiano a Teerã em fevereiro, apenas duas semanas após Ebrahim Raeesi, chefe do judiciário iraniano, visitar o Iraque.
Durante sua visita, Raeesi destacou questões concernentes à presença contínua dos Estados Unidos no Iraque e às investigações sobre o assassinato do então principal comandante iraniano, Qassem Soleimani, por um ataque a drone americano, em janeiro de 2020.
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