Os esforços da Grécia para excluir a Turquia da pauta sobre o Mediterrâneo Oriental ameaçam a segurança e paz regional, alertou neste sábado (27) Panagiotis Ioakimidis, ex-conselheiro do Ministério de Relações Exteriores da Grécia.
As informações são da agência Anadolu.
Em entrevista ao jornal Gnomi, publicado na cidade portuária de Alexandrópolis, no nordeste da Grécia, o ex-diplomata abordou as relações greco-turcas e assuntos regionais.
Ioakimidis afirmou que os esforços da Grécia para compor alianças com alguns países do Mediterrâneo Oriental não apresentam nenhuma solução efetiva às disputas na região.
“Deveria ser aceito que a Turquia é um país mediterrâneo, que deve ser levado em consideração dentro do contexto regional”, reiterou.
Em referência à recente retomada de negociações exploratórias entre Grécia e Turquia, Ioakimidis observou que o diálogo não deve limitar-se à questão da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), mas deve incorporar outros tópicos sensíveis.
“Entretanto, para demarcar a ZEE e as plataformas continentais, os países devem primeiro chegar a um acordo sobre a dimensão das águas territoriais”, argumentou o ex-diplomata.
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Ioakimidis argumentou ainda que Grécia e Turquia, como países vizinhos, não têm alternativa senão materializar relações amistosas e destacou que uma melhora nos laços bilaterais poderia contribuir bastante com a prosperidade de ambos.
“As regiões de fronteira, como a Trácia e as ilhas do Egeu Oriental, serão particularmente beneficiadas com este avanço”, afirmou. “Poderemos ter assim cooperação e projetos conjuntos nos campos de turismo, transportes e educação”.
Sobre a questão do Chipre, Ioakimidis afirmou que o governo greco-cipriota deve adotar a “abordagem de Guterres”, em referência às propostas do Secretário-Geral da ONU António Guterres, sobretudo seu princípio de igualdade política.
A Turquia possui a maior faixa continental do Mediterrâneo Oriental e rejeita reivindicações gregas e greco-cipriotas sobre as fronteiras marítimas da região, ao descrevê-las como excessivas, em violação dos direitos soberanos da Turquia e da população turco-cipriota.
Em 2020, Ancara enviou diversos navios de exploração energética ao Mediterrâneo Oriental, a fim de assegurar seus direitos na região, além de embarcações da República Turca do Norte do Chipre (TRNC), que detém autonomia em parte da pequena ilha mediterrânea.
Os líderes turcos destacaram reiteradamente que Ancara favorece a solução dos duradouros problemas na região, em respeito à lei internacional.
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