Em mais outro sinal de angústia da gestão americana do Presidente Joe Biden sobre as repercussões do relatório de inteligência que implicou Mohammad Bin Salman no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, o Departamento de Estado dos Estados Unidos recusou-se a confirmar se o príncipe herdeiro saudita está sujeito a sanções e restrições de visto.
As sanções, denominadas “Khashoggi Ban”, foram introduzidas na sexta-feira (26), após a muito esperada divulgação do relatório do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) sobre o assassinato do colunista do The Washington Post.
Khashoggi era crítico às políticas da monarquia sob Bin Salman. Foi executado e esquartejado por um esquadrão da morte, após ser induzido a comparecer ao consulado saudita em Istambul, Turquia, em outubro de 2018.
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Ao anunciar a nova política de restrição de visto, imediatamente após o relatório tornar-se público, o Secretário de Estado Antony Blinken afirmou que as sanções seriam aplicadas a “indivíduos que, agindo em nome de um governo estrangeiro, são acusados de envolvimento direto em atividades extraterritoriais contra dissidentes”.
Um total de 76 cidadãos da Arábia Saudita recaíram nesta categoria.
Entretanto, apesar do documento responsabilizar o príncipe herdeiro, conhecido popularmente como MBS, pela execução de Khashoggi, Washington recusou-se a confirmar se o governante de fato da monarquia islâmica está incluído na lista ou se sequer será penalizado.
“Não estamos em posição de detalhar a identidade daqueles incluídos na lista de 76 pessoas, tampouco seremos capazes de adiantar aqueles que possam ser adicionados no futuro”, declarou ontem (1°) Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado.
Pressionado pela imprensa sobre a presença de Bin Salman na lista, reagiu Price: “Não estou incluindo ou excluindo ninguém especificamente. Dito isso, certamente não estou ciente de qualquer plano de viagem do príncipe herdeiro aos Estados Unidos, no futuro próximo”.
Entretanto, Price descreveu a presente conjuntura das relações entre Washington e Riad como “recalibração” e descartou qualquer “ruptura”.
O governo Biden demonstra franca hesitação em condenar Bin Salman, ao considerar que os riscos diplomáticos em fazê-lo são altos demais.
A postura ambígua de Washington incitou repúdio entre grupos de direitos humanos, que esperavam firmeza do novo presidente sobre a pauta, dado que o próprio Biden, enquanto candidato, descreveu a Arábia Saudita como “estado pária … sem qualquer redenção social”.
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