O jornalista egípcio Jamal Al-Jaml desapareceu no aeroporto do Cairo após retornar ao Egito da Turquia, em 22 de fevereiro.
Opositores e críticos ao regime do general e presidente Abdel Fattah el-Sisi frequentemente são detidos ao entrar ou sair do aeroporto. Alguns foram coagidos a pagar altas somas em propina para passar pelas forças de segurança.
Em postagem no Facebook, Baha Al-Jaml, filho de Jamal, declarou: “Meu pai estava exausto e queria voltar ao Egito. Assim que chegou ao Aeroporto Internacional do Cairo, desapareceu misteriosamente, e não pudemos mais contactá-lo”.
Baha relatou que seu pai não suportava a ideia de jamais rever sua família.
Em artigo de 2014 para o jornal Al-Masry Al-Youm, Jamal criticou o governo de Sisi, quando então foi convocado para receber uma advertência do regime. Receoso sobre sua segurança, o jornalista deixou o país por cinco anos.
O advogado de Jamal afirmou que, no domingo (28), a Promotoria de Segurança Pública do Egito ordenou a prisão do jornalista por quinze dias, acusado de trabalhar para veículos de imprensa da oposição em Istambul.
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Entretanto, detentos no Egito podem permanecer legalmente até dois anos em prisão preventiva, isto é, sem julgamento. O mecanismo foi redigido para casos emergenciais, mas é utilizado sistematicamente como forma de perseguição política.
Muitos prisioneiros políticos no Egito têm sua detenção preventiva renovada diversas vezes.
Em Istambul, Jamal apresentava um programa de televisão na emissora oposicionista Al-Sharq.
Ativistas e grupos de direitos humanos expressaram solidariedade e denunciaram risco de vida nas cadeias do regime. Jamal sofre de diabetes e hipertensão, sob enorme ameaça perante a negligência médica deliberada nas prisões do Egito, equivalente a tortura.
Condições insalubres e superlotação tornam as penitenciárias egípcias um grave foco de propagação do coronavírus, com pouca ou nenhuma medida preventiva em vigor.
Ao menos cem presos morreram nas prisões do Egito, em 2020, devido a negligência médica.
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