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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Medidas fiscais de curto prazo não abordam décadas de privação dos palestinos

Palestinos vestem máscaras de proteção e mantêm distanciamento social em fila para um caixa eletrônico, na Cidade de Gaza, 1° de setembro de 2020 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]
Palestinos vestem máscaras de proteção e mantêm distanciamento social em fila para um caixa eletrônico, na Cidade de Gaza, 1° de setembro de 2020 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

Iniciativas financeiras de curto prazo aos palestinos, que não abordam o colonialismo e a ocupação militar de Israel, já demonstraram não passar de uma receita de fracasso a longo prazo. Simplesmente deixam de tratar das décadas de privação impostas ao povo palestino. Com Trump no controle dos Estados Unidos, a frágil economia palestina foi em parte responsabilizada pelo fim das doações americanas, uma narrativa alterada quando a pandemia de coronavírus assumiu o foco, como pretexto de tudo que dá errado na Palestina.

Na segunda-feira (1°), o Banco Mundial aprovou um empréstimo de US$11 milhões para criação de empregos na Palestina ocupada, em resposta ao impacto econômico do covid-19. O investimento tem como alvo o setor privado e apoio a trabalhadores vulneráveis, à medida que cria mais oportunidades de emprego para as mulheres.

“Um dos princípios fundamentais desta intervenção é que criar vagas de trabalho, sobretudo em tempos de crise e desaceleração econômica, pode gerar benefícios que vão além dos ganhos individuais, como resultado do aumento dos ganhos”, alegou o banco.

Declarações como esta não levam em consideração as décadas de expropriação decorrentes da colonização de Israel. O Protocolo de Paris, de 1994, vale recordar, basicamente vincula a economia palestina à ocupação israelense. Quanto mais a catástrofe econômica na Palestina é dissociada de suas raízes, incluindo a ocupação, menos oportunidade há para uma verdadeira autonomia do povo palestino.

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A pandemia exacerbou temores econômicos globais, mas as desigualdades na Palestina resultam da expulsão sistemática do povo palestino de suas terras, além da disparidade com a qual a comunidade internacional lida com Israel e a Autoridade Palestina. Cada vez que surge uma crise, a comunidade internacional oferece soluções de curto prazo que ignoram ataques e roubo de terras palestinas por Israel como efeito devastador sobre a economia local.

Em fevereiro, Kanthan Shankar, diretor do Banco Mundial para Cisjordânia e Gaza, fez um apelo por maior cooperação entre a Autoridade Palestina e Israel, a fim de garantir alguma recuperação econômica e um programa abrangente de vacinação. “O setor de saúde palestino enfrenta desafios significativos; porém, em tempos de covid-19, melhorou sua coordenação entre Gaza e Cisjordânia, além de sua coordenação entre a Autoridade Palestina e Israel, o que serve ao bem comum da região no combate ao vírus e na recuperação da economia. Além disso, em benefício de todos, garante altas taxas de cobertura vacinal”, declarou Shankar.

O povo palestino está perdido entre a opressão israelense, a corrupção da Autoridade Palestina e a recusa da comunidade internacional em abordar a situação pela perspectiva crítica aos assentamentos coloniais. A pandemia é uma preocupação imponente, mas provisória, embora não haja ainda uma luz no fim do túnel. Não obstante, a comunidade internacional prefere remendos de curto prazo, mesmo caso não afetem em nada o vasto sofrimento do povo palestino.

O que US$11 milhões do Banco Mundial podem fazer, quando bilhões de dólares gastos em financiar a Autoridade Palestina jamais beneficiaram de fato o povo palestino, tanto pela corrupção quanto pela ocupação militar de Israel e suas inúmeras restrições cotidianas? Considerando o crescimento exponencial nos índices de pobreza na Palestina e, portanto, maior dependência de ajuda humanitária, o Banco Mundial não está apenas tentando alterar percepções sobre a Palestina, com mais outro empréstimo que ignora décadas de opressão colonial de Israel?

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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