Milhares de cidadãos palestinos de Israel sairão às ruas de Umm al-Fahm, no território ocupado palestino de 1948, nesta sexta-feira (5), para protestar contra a violência policial e a “desordem racista”, promovida sistematicamente pelas autoridades sionistas.
Após uma onda de violência que resultou na morte de vinte palestinos nos últimos dois meses, os residentes de Umm al-Fahm decidiram manifestar-se massivamente contra a criminalidade e a polícia israelense, acusada de cumplicidade com as redes criminosas.
Ao jornal israelense Haaretz, Yousef Jabareen – parlamentar árabe do Knesset, membro da chamada Lista Conjunta e residente de Umm al-Fahm – anunciou que milhares de manifestantes deverão obstruir a Rota 65, ao reivindicar uma “sociedade livre de armas”.
Jabareen recordou os protestos da última sexta-feira (26), em frente à delegacia local, que escalaram em violência e repressão, ao denunciar: “As manifestações eram pacíficas e ordeiras, mas as ações deliberadas da polícia incitaram violência brutal”.
Na ocasião, policiais israelenses dispararam balas de borracha, bombas de efeito moral e jatos d’ água contra manifestantes civis. Dezenas de pessoas ficaram feridas, incluindo o próprio Jabareen e o prefeito de Umm al-Fahm, Samir Mahameed.
Segundo o parlamentar árabe, no entanto, trata-se apenas da ponta do iceberg.
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“A verdadeira história é que mais de vinte árabes foram assassinados nos últimos dois meses. A história remete de fato a Mohand Mahameed, residente de Umm al-Fahm internado devido à violência política, e Ahmed Hijazi, baleado e morto pela polícia, em Tamra, em fevereiro”.
Em Israel, violência é regra, reiterou Jabareen.
O parlamentar denunciou ainda a discriminação do estado sionista ao abordar cidadãos palestinos no território considerado Israel, que representam 20% da população. “A polícia acostumou-se a tratar os árabes como inimigos, não cidadãos”, enfatizou.
De acordo com Jabareen, as dezenas de milhares de cidadãos palestinos que tomaram as ruas em protesto, nas últimas semanas, reivindicam apenas seus direitos mais fundamentais, isto é, o direito à vida e à segurança pessoal e de suas famílias.
“A polícia deve apreender centenas de milhares de armas, solucionar casos e levar os criminosos à justiça, sem demora”, insistiu. “Também devem esmagar o crime organizado”.
Umm al-Fahm tornou-se símbolo da luta da comunidade árabe contra o aumento da violência.
“Tememos pelo futuro de nossa sociedade e lutaremos lado a lado, árabes e judeus, para que possamos viver em uma sociedade sem armas”, afirmou Jabareen.
“Mesmo que as feridas de balas ainda não estejam fechadas, continuaremos a expressar os apelos de Umm al-Fahm em conformidade com os jovens que guardam esperanças de um futuro melhor”, concluiu o parlamentar palestino.