O Papa Francisco, fazendo a primeira viagem de um pontífice ao Iraque, fez um veemente apelo pelo fim da violência militar, do fratricídio e dos conflitos religiosos que atormentam o país há décadas, dizendo que os pacificadores deveriam finalmente ter uma chance, informou a Reuters.
“Que o choque de armas seja silenciado […] que haja um fim aos atos de violência e extremismo”, disse ele, dirigindo-se ao presidente iraquiano, Barham Salih, a políticos e diplomatas no palácio presidencial.
Francisco chegou ao aeroporto de Bagdá sob forte segurança, depois de dizer a repórteres em seu avião que se sentia obrigado a fazer a viagem “emblemática” porque o país “foi martirizado por tantos anos”.
Centenas de pessoas se reuniram em pequenos aglomerados para vê-lo ser levado a Bagdá em um BMW à prova de balas, um ponto de partida para um papa que normalmente insiste em usar carros pequenos e normais.
Uma carreata de dezenas de veículos o acompanhou para fora do complexo do aeroporto, que recentemente foi alvo de disparos de foguetes de grupos de milícias.
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Enquanto Francisco e o presidente caminhavam juntos, o papa, de 84 anos, mancava visivelmente, indicando que sua ciática pode ter se manifestado novamente. A condição o forçou a cancelar vários eventos no início deste ano.
Em seu discurso no palácio, Francisco criticou os interesses faccionais e estrangeiros que desestabilizaram o Iraque e toda a região e atingiram mais duramente as pessoas comuns.
“O Iraque sofreu os efeitos desastrosos das guerras, o flagelo do terrorismo e os conflitos sectários muitas vezes baseados em um fundamentalismo incapaz de aceitar a coexistência pacífica de diferentes grupos étnicos e religiosos”, disse Francisco.
A viagem turbulenta do papa o levará de avião, helicóptero e carros a quatro cidades. Ele celebrará missa em uma igreja de Bagdá, encontrará o grande clérigo xiita do Iraque, o grande aiatolá Ali al-Sistani, na cidade de Najaf, no sul, e viajará para o norte, para Mosul, onde o exército teve que esvaziar as ruas por motivos de segurança no ano passado para uma visita primeiro-ministro do Iraque.
O pontífice também visitará o Ur, local de nascimento do Profeta Abraão.
A segurança do Iraque melhorou desde a derrota do Daesh em 2017, mas o país continua a ser um teatro para acertos de contas globais e regionais, especialmente uma rivalidade entre EUA e Irã que ocorreu em solo iraquiano. Além disso, as células adormecidas do Daesh continuam a realizar ataques.