Em entrevista à Folha de São Paulo, o médico sanitarista Ronni Gamzu, CEO do Hospital Ichilov, em Tel Aviv, afirmou que a melhor maneira de sair da crise do coronavírus é com a vacinação. “Com todo o respeito aos medicamentos antivirais, as doenças virais acabam só com vacinas.”, disse. Nesta terça-feira (9), a comitiva brasileira em Israel assinou acordo para trazer ao brasil o spray-nasal em desenvolvimento contra a covid-19.
Gamzu, ex-coordenador do programa nacional israelense de combate à pandemia, afirmou que “há um entusiasmo” do Brasil quanto ao spray nasal israelense, que ele não vê em outros países, mas alerta que o desenvolvimento de uma nova droga é um processo caro, com riscos, que pode “levar meses ou até anos”.
“Temos algumas drogas antivirais e estamos desenvolvendo outras. Mas é um processo longo, uma jornada. Temos alguns candidatos. Esta molécula inteligente é um deles, mas não é um milagre. Sugiro não pegar um remédio, agora, e fazer dele a verdadeira solução, porque a verdadeira solução é a prevenção. Temos que continuar nossa luta científica para encontrar curas, mas não esqueça: prevenção, prevenção, prevenção. Vacinação, vacinação, vacinação.”, disse ele.
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Na viagem, Eduardo Bolsonaro afirmou que Israel teria interesse em realizar os testes em brasileiros porque “o Brasil é um povo famoso por ser miscigenado, com material genético bem diversificado”.
COOPERAÇÃO COM ISRAEL GARANTIDA
Retornamos de Israel, país referência em tecnologia e saúde, certos da cooperação com Hadassa Medical Organization, que está na fase 2 de elaboração de vacina, e com Instituto Ichilov que realiza pesquisas animadoras sobre o EXO-CD24 (spray nasal) pic.twitter.com/MPMs9IuDmw
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) March 10, 2021
Ronni Gamzu justificou a importância da testagem no Brasil por ser um país onde ainda há muitas mortes. Nesta terça (9), foram registradas no país 1954 mortes por covid-19 em um dia. “Realmente, precisamos de países onde há morbidade para recrutar pacientes. Portanto, neste momento há um começo, um fio de meada para colaboração científica.”, afirmou.
Ele também ressaltou que o desenvolvimento de remédios e vacinas devem ser feitos ao mesmo tempo, priorizando a vacinação.
O medicamento EXO-CD24 foi testado em 30 voluntários em estado grave, internados no Ichilov e 29 se recuperaram, de acordo com o hospital. A fase 1 dos testes terminou em janeiro, mas ainda não foi publicado um artigo científico sobre a pesquisa.
Durante a visita, a delegação Brasileira e Israel assinaram um acordo para realizar as fases 2 e 3 dos testes clínicos do spray nasal no Brasil. O custo da operação ainda não foi divulgado.
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O ministro das relações exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, comemorou no Twitter a os acordos assinados em Israel e comparou a visita à Israel com a decisão de segunda-feira (8) do Ministro Edson Fachin de anular as condenações de Lula. “Enquanto isso, alguns elementos sombrios sonham com o retorno da era moluscular em que o Brasil ocupava a vanguarda internacional da corrupção e do apoio à bandidagem eleitoral”, disse.
Encerramos a missão a Israel com um pacote tecnológico sem precedentes na área médica e farmacêutica. Os instrumentos assinados com o governo e 3 instituições-líderes de pesquisa (Weizmann, Hadassah, Ichilov) trarão rápidos resultados em medicamentos e vacinas contra a Covid. pic.twitter.com/g4rCdRIuFW
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 10, 2021
Durante o governo de Lula, o Brasil foi o país que mais vacinou contra a epidemia de H1N1 pela rede pública, em 2009 e 2010. Em 24 de fevereiro, Lula publicou no Twitter que na época do H1N1 foram aplicadas mais de 80 milhões de vacinas em três meses e “esse governo nem pra comprar vacina serve”, disse se referindo ao atraso na compra de imunizantes pelo governo de Bolsonaro.
Na época do H1N1 nós aplicamos mais de 80 milhões de vacinas em três meses e esse governo nem pra comprar vacina serve. #LulaNo247
— Lula (@LulaOficial) February 24, 2021
O balanço da vacinação contra a covid-19 desta terça-feira apontou que pouco mais de sete milhões de pessoas receberam a primeira dose, 3,36% da população brasileira. A segunda dose foi aplicada em 1,02% da população. Os dados começaram a ser contabilizados a partir do dia 21 de janeiro de 2021.