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Organização pró-houthi responsabiliza o grupo por mortes de refugiados em Sanaa

Combatentes houthis checam armas em caminhões militares, durante reunião tribal em Sanaa, capital do Iêmen, 1° de agosto de 2019 [Mohammed Hamoud/Getty Images]
Combatentes houthis checam armas em caminhões militares, durante reunião tribal em Sanaa, capital do Iêmen, 1° de agosto de 2019 [Mohammed Hamoud/Getty Images]

A Organização por Direitos Humanos Mwatana, filiada ao grupo iemenita houthi, reportou ontem (10) em nota que o movimento é responsável por diversos mortos e feridos entre refugiados africanos, em um centro de detenção em Sanaa, na última semana.

As informações são da agência Anadolu.

A entidade habitualmente pró-houthi denunciou as ações do grupo por implicar em “dezenas de mortos e feridos após um incêndio letal deflagrar-se em um centro de detenção superlotado, que abrigava imigrantes e refugiados africanos, em Sanaa, no dia 7 de março”.

A organização Mwatana sugeriu ainda que o grupo houthi “mantém detidos inúmeros refugiados feridos e impede o acesso à ajuda humanitária e a visita de suas famílias”.

“No início de mês, diversos imigrantes mantidos no centro de detenção da Autoridade de Nacionalidade, Passaporte e Imigração, na rua Khawlan, na capital Sanaa, sob controle houthi, conduziu uma greve de fome para protestar contra maus tratos”, relatou o comunicado.

“No domingo, 7 de março, em torno das 13 horas (horário local), homens armados filiados ao grupo houthi tentaram encerrar a greve dos refugiados à força”, prosseguiu.

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A organização citou testemunhas presentes na ocasião: “Os houthis fecharam o acesso à ala e começaram a disparar projéteis pelas janelas, causando um incêndio que se espalhou rapidamente. O número exato de mortos e feridos não foi confirmado, até então”.

Na noite de terça-feira (9), o chefe da rede etíope de imprensa Oromia afirmou à BBC que cerca de 450 pessoas morreram imediatamente devido às bombas atiradas pelos houthis, além de 63 vítimas que vieram a óbito após serem transferidas a hospitais.

Ainda na terça-feira, dezenas de refugiados africanos reuniram-se para protestar pelo segundo dia consecutivo em frente ao escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em Sanaa, para denunciar o incidente.

Os houthis não comentaram o episódio, mas o governo iemenita reconhecido internacionalmente reivindicou um inquérito transparente e independente sobre o caso, segundo informações da Anadolu.

O Iêmen é considerado um dos destinos de refugiados provenientes da região do Chifre da África, sobretudo Etiópia e Somália, muitos dos quais a caminho de países do Golfo, principalmente Arábia Saudita, a despeito da perigosa e árdua jornada.

O Iêmen é assolado pela guerra há quase sete anos, com mais de 233 mil mortos reportados, até então. Cerca de 30 milhões de pessoas, ou 80% da população, dependem de apoio externo perante a pior crise humanitária do mundo, conforme dados das Nações Unidas.

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