Segundo fontes bem informadas, a França faz questão de aproveitar a tensão nas relações sauditas-americanas provocada pela decisão de Washington de reavaliar suas relações com Riad, contando com esse desequilíbrio para promover seus interesses diplomáticos e econômicos com o reino.
As fontes disseram ao site francês Intelligence Online que o presidente Emmanuel Macron planejava uma visita à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes em meados de maio para ativar a diplomacia econômica de seu país com os dois países.
A visita de Macron foi inicialmente programada para ocorrer em meados de fevereiro e, em seguida, no início de março, em linha com a meta da indústria de defesa francesa de ter uma participação nos negócios de venda de armas com os Estados do Golfo, após a decisão de Biden de suspender temporariamente as vendas de armas para Riad e acabar com o apoio de seu país à coalizão árabe liderada pelo reino no Iêmen.
Paris espera vender seu avião Rafale para Abu Dhabi, que está fazendo esforços incansáveis para adquirir caças F-35 dos EUA.
A visita da ministra da Defesa francesa, Florence Parly, à Exposição Internacional de Defesa (IDEX, na sigla em inglês) em Abu Dhabi, em fevereiro, que é sua sexta viagem aos Emirados Árabes, deve abrir caminho para novas compras para a França. O governo francês também está prestando atenção especial aos projetos sauditas relacionados a recursos hídricos, gestão de resíduos, construção e energia nuclear.
O Reino Unido também busca obter contratos para suas empresas, ao mesmo tempo que se distancia das acusações feitas pelos Estados Unidos contra o príncipe herdeiro, Mohammed Bin Salman, em relação ao seu suposto papel no assassinato de Jamal Khashoggi.
Macron tem se esforçado para apresentar seu país como parceiro alternativo da Arábia Saudita, em vez dos Estados Unidos. No entanto, a natureza estratégica das relações entre os EUA e o reino, e a recusa saudita de mudar sua posição em questões importantes para a França, como o acordo nuclear iraniano e a iniciativa franco-libanesa, podem acabar com as esperanças do presidente francês.
LEIA: Embaixadora saudita afirma que ataques à Aramco ameaçam trabalhadores de oitenta países