A cidadã anglo-iraniana Nazanin Zaghari-Ratcliffe foi julgada por uma corte de Teerã neste domingo (14), sob nova acusação de divulgar “propaganda contra o sistema”, reportou seu advogado, apenas uma semana após concluir pena de cinco anos de cadeia.
As informações são da agência Reuters.
O Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido Dominic Raab descreveu o segundo julgamento contra Zaghari-Ratcliff como “inaceitável”, acusou Teerã de submetê-la a “suplícios cruéis e lamentáveis” e reivindicou o retorno da trabalhadora humanitária a seu país.
Zaghari-Ratcliffe, diretora de projetos da Fundação Thomson Reuters, instituição humanitária que opera de modo independente da agência de notícias, foi presa em abril de 2016 e condenada por supostamente conspirar para derrubar as autoridades clericais iranianas.
Sua família e a fundação negam as acusações.
A acusação de propaganda refere-se à suposta participação de Zaghari-Ratcliffe em um protesto em frente à embaixada iraniana em Londres e uma entrevista que concedeu à filial farsi da rede BBC, segundo seu advogado Hojjat Kermani.
Após o julgamento de domingo, Kermani informou aguardar o veredito nesta semana.
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“Zaghari-Ratcliffe estava bem e calma durante a sessão”, relatou o advogado à Reuters. “Tenho esperanças de que será absolvida”.
O judiciário iraniano não comentou o caso.
Zaghari-Ratcliffe serviu a maior parte de sua pena na prisão de Evin, na capital Teerã, e foi transferida à prisão domiciliar em março de 2020, devido à pandemia de coronavírus, No último domingo (7), autoridades removeram sua tornozeleira eletrônica.
Contudo, foi imediatamente convocada a um segundo julgamento, sob novas acusações.
Seu marido, Richard, mobilizou a campanha “Free Nazanin” para pressionar Londres a assegurar a libertação de sua esposa. Em nota, destacou Richard: “Neste momento, o futuro de Nazanin permanece incerto”.
Antonio Zappulla, diretor executivo da Fundação Thomson Reuters Foundation, denunciou o novo julgamento como medida deliberada para prolongar seu sofrimento. “É incompreensível impor maiores traumas como punição por crimes que jamais cometeu”, reiterou Zappulla.
O premiê britânico Boris Johnson, em telefonema com o presidente iraniano Hassan Rouhani, realizado na quarta-feira (10), exortou o retorno de Zaghari-Ratcliffe à sua família.
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