Ahmed Elkhateeb, editor-chefe do jornal egípcio Al Watan, marcado por uma postura favorável ao regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, divulgou na sexta-feira (12) uma lista de dez condições que a Turquia deve cumprir antes de “restaurar diálogo” com o Egito.
Em sua página do Facebook, Elkhateed listou os requisitos supostamente estipulados pelo governo no Cairo para encerrar o impasse diplomático entre os países, após uma série de sinais de abertura por parte de oficiais turcos.
A lista determina:
1) Qualquer demarcação marítima entre ambas as partes deve respeitar a lei internacional. É necessário que a Turquia comprometa-se em aderir à lei marítima internacional. Até então, Ancara recusou-se a assinalar a seu favor ou reconhecê-la.
2) Não haverá nenhuma comunicação política até que o Cairo tenha certeza do cumprimento turco às diretrizes gerais. A comunicação permanecerá meramente a nível de segurança, dado que não validamos comunicação política com estados que patrocinam o terrorismo, segundo o Egito.
3) Não haverá qualquer acordo turco-egípcio sobre o Mediterrâneo Oriental, salvo após um acordo abrangente da Turquia com os aliados europeus, sobretudo Grécia e Chipre.
4) Retirada política e militar da Turquia na Líbia; afastamento absoluto da questão líbia e compromisso com a retirada de mercenários que levou aos territórios líbios.
5) Estabelecer um cronograma para a retirada das tropas turcas do norte da Síria e assinatura de um acordo vinculativo com o governo iraquiano, para instituir o compromisso de jamais intervir nos territórios iraquianos.
6) Negociações devem incluir Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos; a Turquia tem de desculpar-se aos estados do Golfo por ofensas cometidas nos anos recentes. Além disso, o Cairo não assinará qualquer acordo com a Turquia a menos que Ancara comprometa-se em jamais intervir nos assuntos dos estados árabes, em respeito permanente a seus limites de segurança nacional.
7) Fechar todas as redes de imprensa da Irmandade Muçulmana que atacam o Egito, em particular, e os estados do Golfo, em geral. A Turquia também deverá banir toda e qualquer atividade da Irmandade Muçulmana em seu território.
8) Permitir à Interpol que lide com todos os procurados eventualmente presentes em solo turco e não obstruir medidas das autoridades europeias nesta mesma questão (Cairo não solicita sua extradição, tampouco pretende). Vale observar, porém, que Ancara ofereceu entregá-los ao Egito em grupos, a fim de aplacar o lado egípcio.
9) Autoridades de segurança do Egito deverão monitorar o comportamento do regime turco e o respeito a tais condições no período porvir. Antes de qualquer comunicação, um relatório do Ministério de Relações Exteriores da Turquia deve ser enviado à liderança política do Egito sobre a questão.
10) A Turquia não será convidada a participar do Fórum sobre o Mediterrâneo Oriental antes de Egito, Grécia e Chipre concordarem com a demarcação das águas mediterrâneas e as condições supracitadas.
Observadores destacam que, mesmo que tais prerrogativas representem de fato o regime egípcio, é altamente improvável que a Turquia decida aceitá-las.
Após listar treze demandas similares para restauração de laços diplomáticos com o Catar, o Egito e seus aliados do Golfo encerraram o bloqueio via movimentações nos bastidores; o lado catariano jamais acatou tais pré-condições.