A Arábia Saudita está tentando comprar veículos aéreos não tripulados (UAVs, na sigla em inglês) armados da Turquia, disse o presidente Recep Tayyip Erdogan em uma coletiva de imprensa ontem. Erdogan fez os comentários depois de expressar seu descontentamento com a decisão de Riad de realizar exercícios militares conjuntos com a Grécia, rival de longa data da Turquia.
“A Arábia Saudita está conduzindo exercícios conjuntos com a Grécia”, disse Erdogan, “mas, ao mesmo tempo, a Arábia Saudita está nos pedindo drones armados. Nossa esperança é resolver esse problema com calma, sem esquentar”.
No mês passado, os sauditas participaram do “Fórum da Amizade”, em Atenas, que também contou com a presença de Egito, França, Chipre, Emirados Árabes e Bahrein. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou a reunião.
“Não é possível que nenhum fórum não inclua a Turquia, o país-chave em sua região, e os cipriotas turcos, para constituir um mecanismo eficaz e bem-sucedido de cooperação e amizade em relação aos desafios na região”, disse o ministério.
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Os laços entre Ancara e Riad atingiram seu ponto mais baixo após o assassinato do jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi no Consulado Saudita em Istambul em 2018. Alega-se que o assassinato foi aprovado e sancionado pelo príncipe herdeiro, Mohammed Bin Salman.
As relações também foram tensas no ano anterior, quando a Turquia se aliou ao Catar depois que um boicote liderado pelos sauditas foi imposto ao Estado do Golfo, que já foi levantado. Além disso, ambos os países se opuseram ao golpe militar de 2013 contra o primeiro presidente eleito democraticamente do Egito, o falecido Mohamed Morsi.
A Turquia emergiu como um dos maiores fabricantes mundiais de drones armados, que desempenharam um papel fundamental na guerra de seis semanas do Azerbaijão contra a Armênia no ano passado na disputada região de Nagorno-Karabakh. Eles também foram implantados na Síria e na Líbia com efeitos devastadores.
Riad já tem um acordo de transferência de tecnologia com a Vestel Company, de propriedade privada da Turquia, que permite que a Arábia Saudita fabrique seus próprios drones militares. No entanto, há preocupações de que também esteja buscando armas que possam contornar os embargos de armas ocidentais impostos devido à guerra contra o Iêmen.
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