Centenas de iemenitas invadiram o palácio presidencial no sul da cidade portuária de Aden, nesta terça-feira (16), em protesto contra as péssimas condições de vida e a corrupção do governo reconhecido internacionalmente, liderado pelo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi.
Alguns manifestantes exibiram bandeiras da antiga república do Iêmen do Sul.
Segundo um correspondente da rede AFP, entre os manifestantes estavam oficiais militares e policiais aposentados. Eventualmente, foram retirados do local sem confronto, com oficiais do governo – incluindo o Primeiro-Ministro Maeen Abdulmalik Saeed – ainda dentro do prédio.
Uma fonte em campo relatou que forças iemenitas e sauditas escoltaram membros do gabinete ministerial, incluindo Saeed, ao edifício de inteligência militar dentro do complexo palaciano.
The group of retired officers are the ones who started Hirak in 2007 and they have been waiting since 2014 for their back-pay. pic.twitter.com/rRr4oOPK9R
— Stephen W. Day (@DaySWTweet) March 17, 2021
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Manifestantes marcham em direção ao palácio presidencial em Aden, Iêmen
Em dezembro de 2020, diante da chegada do então recém formado governo de coalizão, antes radicado na Arábia Saudita, militares aposentados do sul do Iêmen ameaçaram tomar controle do palácio presidencial em protesto ao não pagamento de seus honorários.
Quando membros do novo governo pousaram em Aden, naquele mesmo mês, o aeroporto local foi atingido por três ataques a bomba, que resultaram em ao menos 25 mortos. Nenhum funcionário do governo, entretanto, ficou ferido.
O governo acusou o movimento rebelde houthi de executar os atentados. Contudo, Mohammed al-Bukhaiti, porta-voz do grupo, negou as alegações e as devolveu à Arábia Saudita, principal aliada de Hadi, e ao grupo separatista iemenita Conselho de Transição do Sul (CTS).
O CTS, que recebe apoio dos Emirados Árabes Unidos, ainda detém controle de grande parte da província de Aden e chegou a capturar o palácio presidencial em 2019.
Segundo a Al Jazeera, outro protesto ocorreu na cidade de Sayoun, na província de Hadramaut, leste do país. Dezenas de pessoas invadiram um complexo do governo para reivindicar melhores condições de vida e repudiar a grave carestia.
A agência de notícias iemenita SABA reportou ainda outra manifestação contra Hadi na província de Abyan, sul do Iêmen, após o colapso da moeda local no mercado clandestino, além da deterioração socioeconômica e do aumento nos preços dos alimentos.
Segundo as informações, os manifestantes reivindicaram a renúncia do gabinete nacional e do governador da província Abu Bakr Hussein.
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