Uma corte no Egito condenou a proeminente ativista Sanaa Seif a um ano e meio de prisão nesta quarta-feira (17), acusada de divulgar “notícias falsas”, segundo informações concedidas por sua irmã e fontes judiciais, corroboradas pela agência Reuters.
Seif foi detida em junho de 2019 em frente ao escritório da promotoria pública, onde tentava registrar uma queixa sobre as condições de detenção de seu irmão, Alaa Abdel Fattah, um dos mais notórios ativistas do país.
Sanaa trabalhou como editora-assistente para o documentário The Square, indicado ao Oscar, além do premiado In the Last Days of the City.
Esteve entre os ativistas que conduziram uma vasta campanha nas redes sociais pela libertação de alguns prisioneiros egípcios, sob receios da propagação do coronavírus dentro das penitenciárias do regime do general e presidente Abdel Fattah el Sisi.
Três outros membros de sua família foram brevemente detidos em março de 2020, ao protestar sobre a mesma questão.
Uma corte penal do Cairo, condenou Seif por supostamente disseminar notícias falsas sobre a propagação do covid-19 nas prisões e difundir pânico à população, além de “mau uso” das redes sociais, confirmaram as fontes judiciais.
Seif tem o direito de entrar com recurso contra a decisão dentro de 60 dias.
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Em agosto do último ano, mais de duzentos atores, escritores e jornalistas assinaram uma carta reivindicando justiça e liberdade a Sanaa Seif. A atriz Maggie Gyllenhaal, o autor Philip Pullman e o artista Anish Kapoor juntaram-se aos apelos.
Seu irmão Alaa, proeminente ativista na revolução de 2011, que depôs o ex-ditador Hosni Mubarak, foi capturado pelas autoridades em setembro de 2019, apenas seis meses após ser libertado de uma pena de cinco anos de prisão.
Na sexta-feira (12), países ocidentais exortaram o Egito a encerrar sua perseguição contra ativistas, jornalistas e eventuais opositores, ao perpetrar abusos das leis antiterrorismo, e reivindicaram a soltura imediata dos prisioneiros políticos.
O regime de Sisi alegou espanto com a declaração, ao descrevê-la como “infundada”.