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Sudão anuncia resposta positiva à mediação quadripartite sobre represa etíope

Tadele, operador de rádio na Grande Represa do Renascimento, perto de Guba, Etiópia, em 26 de dezembro de 2019 – a construção de 145 metros de altura e 1.8 km de extensão deverá tornar-se a maior usina hidrelétrica na África, com capacidade de 6 mil megawatts de potência [ Eduardo Soteras/AFP via Getty Images]
Tadele, operador de rádio na Grande Represa do Renascimento, perto de Guba, Etiópia, em 26 de dezembro de 2019 – a construção de 145 metros de altura e 1.8 km de extensão deverá tornar-se a maior usina hidrelétrica na África, com capacidade de 6 mil megawatts de potência [ Eduardo Soteras/AFP via Getty Images]

O Sudão anunciou nesta quinta-feira (18) ter recebido respostas positivas para compor um mecanismo de mediação quadripartite para retomar as negociações paralisadas sobre a Grande Represa do Renascimento, construída pela Etiópia, na bacia do Rio Nilo.

O relato foi comunicado por Mustafa Hussein, chefe da equipe técnica de negociação sudanesa, segundo a agência de notícias oficial SUNA.

Hussein confirmou “respostas bastante positivas de todas as partes convidadas à mediação quadripartite sobre a Represa do Renascimento” – isto é, União Europeia, Estados Unidos e ONU, além de União Africana, que já promove as negociações.

“As partes internacionais expressaram prontidão para exercer o papel de facilitadores e mediar as negociações, ao oferecer sua expertise técnica e política para construir pontes sobre as divergências entre os três países”, prosseguiu em referência a Etiópia, Sudão e Egito.

Destacou ainda: “A mediação quadripartite concederá apoio e melhora aos esforços da União Africana, liderados pela República Democrática do Congo, para obter um acordo vinculativo satisfatório às partes, sobre o preenchimento e operação da barragem”.

Hussein argumentou que a insistência do Ministério de Águas, Irrigação e Eletricidade da Etiópia em “proceder com o segundo preenchimento em julho próximo, sem um acordo, sugere que Addis Ababa não pretende mudar sua postura, em violação à lei internacional”.

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Além disso, para o chefe da equipe sudanesa, a abordagem etíope “contradiz a Declaração de Princípios assinada pelos líderes dos três estados em março de 2015, concernente ao preenchimento e operação da Grande Represa do Renascimento”.

Hussein exortou o governo do país vizinho a “cultivar um senso de lógica, aderir às leis internacionais, respeitar as águas para além da fronteira e observar o princípio de uso justo e razoável da água, sem causar danos significativos aos países a jusante”.

“Reiteramos que o Sudão é capaz, em todo caso, de proteger sua segurança nacional, seus recursos e a integridade de sua infraestrutura”, concluiu o representante sudanês.

O governo sudanês em Cartum enviou uma série de cartas oficiais a União Africana, União Europeia, Estados Unidos e Organização das Nações Unidas, para convidá-los a participar do mecanismo quadripartite e mediar as negociações sobre a questão regional.

O Egito declarou apoio à proposta sudanesa. Entretanto, em 9 de março, o governo etíope declarou seu repúdio ao novo mecanismo e defendeu a mediação exclusiva do bloco africano.

A Etiópia insiste em iniciar a segunda fase do preenchimento da barragem mesmo sem fechar um acordo, reivindicado por Egito e Sudão. Ambos temem o impacto da represa sobre sua cota anual das águas do Nilo, além de danos em potencial contra sua infraestrutura hídrica.

O diálogo promovido pela União Africana está paralisado desde janeiro, devido às exigências do governo sudanês de alterar a metodologia de negociação e a oposição etíope a tal medida.

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