A corporação Aramco, gigante estatal de petróleo da Arábia Saudita, decidiu apostar em uma retomada com foco nas demandas energéticas do mercado asiático e reduzir planos para este ano, após reportar neste domingo (21) uma queda acentuada de seus lucros em 2020.
As informações são da agência Reuters.
A pandemia impôs um duro golpe à empresa e seus pares globais, ao longo do último ano. Os preços do petróleo, porém, já demonstram novo aumento, conforme os mercados se recuperam da crise do coronavírus e do corte de produção imposto por grandes exportadores.
“Estamos satisfeitos que há sinais de recuperação”, declarou Amin Nasser, presidente e diretor executivo da Aramco. “A China está bem próxima de níveis pré-pandemia. Então na Ásia, sobretudo no leste da Ásia, há uma forte aceleração na demanda”.
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Nasser afirmou que o retorno ao mercado dos Estados Unidos e Europa deve melhorar com o avanço das campanhas de vacinação. A demanda global de petróleo deve chegar a 99 milhões de barris por dia até o fim deste ano, detalhou o presidente da companhia saudita.
A Aramco reduziu suas diretrizes de gasto em 2021 para cerca de US$35 bilhões, de estimativas prévias de US$40 a US$45 bilhões, segundo dados concedidos à bolsa de ações saudita, Tadawul. Os investimentos de 2020 foram contidos em US$27 bilhões.
A maior exportadora de petróleo do mundo reportou ainda que seu lucro líquido caiu 44.4%, equivalente a 183.76 bilhões de riyals (US$49 bilhões), em 2020, queda significativa em relação aos 330.69 bilhões de riyals alcançados no ano anterior.
Especialistas estimam, porém, lucro líquido de 186.1 bilhões de riyals em 2020, segundo a agência de análise financeira Refinitiv Eikon.
A Aramco declarou US$75 bilhões em dividendos para 2020. Nasser enfatizou que não há intenção de aumentar o valor prometido para este ano.
“Os dividendos estão conforme as expectativas, o que importa mais aos acionistas da Aramco, mas investimentos baixos sugerem que o aumento nos preços de petróleo não avançará a longo prazo”, declarou Hasnain Malik, chefe de pesquisa de capital para a empresa Tellimer.
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As ações da Aramco tiveram queda marginal de 0.6% após a divulgação dos resultados.
Ao longo da maior parte do último ano, as ações da corporação saudita resistiram bem em relação a seus pares globais nos mercados emergentes e em desenvolvimento. Entretanto, manifestaram resultados ruins quando os preços do petróleo voltaram a subir.
A queda de 44.4% nos lucros da Aramco, em 2020, abrange a queda de 30.7% nos recursos petroleiros arrecadados pelo governo saudita neste período, à medida que a empresa preferiu não interromper o pagamento dos dividendos à monarquia, a despeito da crise no mercado.
A manutenção dos pagamentos ao estado contribuiu para o fato da Aramco sofrer mais com as repercussões da crise do que o tesouro saudita como um todo, argumentou Monica Malik, economista-chefe do Banco Comercial de Abu Dhabi.
O petróleo perdeu mais de um quinto de seu valor em 2020. O índice Brent de petróleo cru chegou a US$63.53 por barril na sexta-feira (19), comparado a apenas US$51 em dezembro.
Os lucros das principais corporações petrolíferas ocidentais também foram bastante afetados no último ano. A Shell registrou seu menor lucro em ao menos duas décadas e a Exxon Mobil, maior companhia de energia dos Estados Unidos, vivenciou recorde em perdas anuais.
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