O Ministro de Recursos Hídricos e Irrigação do Sudão Yasser Abbas afirmou nesta segunda-feira (22) que a Etiópia não tem qualquer argumento forte para opôr-se à proposta de mediação quadripartite sobre a Represa do Renascimento, reportou a agência Anadolu.
Os comentários de Abbas foram feitos durante os eventos do Dia Mundial da Água, em 22 de março, transmitidos pela televisão estatal sudanesa.
Em meados deste mês, o Sudão propôs que ONU, União Europeia, Estados Unidos e União Africana mediassem a questão, com apoio do Egito.
“A Etiópia é incapaz de justificar seu rechaço à mediação”, argumentou Abbas. “Insistimos em dar uma chance a especialistas da União Africana para construir uma ponte entre as partes em disputa, mas Addis Ababa recusou-se a fazê-lo”.
Abbas descreveu a negativa etíope como surpresa.
“Acreditamos que esta proposta é excelente para superar divergências”, reiterou.
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Oficiais sudaneses exortaram a Etiópia a aceitar o princípio de mediação para fechar um acordo vinculativo justo sobre a Represa do Renascimento, ao cumprir prerrogativas dos três países — Etiópia, Egito e Sudão — e priorizar a cooperação para além da disputa.
Segundo a agência de notícias oficial etiópe, no sábado (20), Ibrahim Idris, membro da equipe de negociação enviada por Addis Ababa, descreveu o quarteto de mediação como “truque proposto a fim de frustrar o preenchimento do segundo reservatório da barragem”.
Na última quinta-feira (18), o Ministério de Relações Exteriores do Egito lamentou o uso da “linguagem de soberania” por oficiais etíopes em declarações recentes sobre a Grande Represa do Renascimento, construída pela Etiópia na bacia hidrográfica do Nilo.
A chancelaria egípcia destacou que rios internacionais, como o Nilo, são “propriedade comum dos países ribeirinhos” e ninguém pode estender soberania a eles.
A Etiópia insiste em preencher seu reservatório em julho, mesmo que não haja um acordo assinado com Cairo e Cartum. O Sudão reivindica um acordo tripartite antes da medida, a fim de preservar o fluxo anual de águas do Nilo aos países a jusante.