Um navio de contêineres obstruindo o canal de Suez — descrito como uma espécie de “baleia encalhada” — emitiu alertas ao comércio global nesta quinta-feira (25), à medida que oficiais suspenderam todo acesso à hidrovia, ao advertir que o resgate pode levar semanas.
As informações são da agência Reuters.
A embarcação Ever Given, com 400 metros de extensão, quase tão grande quanto o Empire State Building, está bloqueando o tráfego em ambas as direções de um dos mais movimentados canais de navegação de petróleo, grãos e comércio geral entre Ásia e Europa.
A Autoridade do Canal de Suez informou que oito rebocadores operam no local para movimentar o navio, que encalhou diagonalmente na terça-feira (23), na via única da faixa sul da hidrovia, em meio a fortes ventos e uma tempestade de areia.
“Não podemos excluir a possibilidade de que pode demorar semanas, a depender da situação”, declarou Peter Berdowski, diretor executivo da empresa holandesa Boskalis, que tenta socorrer a embarcação, ao noticiário televisionado de seu país.
Dezenas de embarcações — contendo contêineres, petróleo e derivados, gás natural, grãos e outras mercadorias — tiveram de recuar aos limites do Canal de Suez, resultando no pior congestionamento marítimo em décadas.
A autoridade de Suez permitiu alguns navios a entrar no canal na esperança de que fosse desobstruído; contudo, suspendeu provisoriamente todo o tráfego na manhã de hoje.
Trinta embarcações navegaram em direção sul ao Porto Said, em um comboio que ancorou ontem (24) na área de espera dos chamados Lagos Amargos, até a retomada das operações.
Segundo Berdowski, a proa e a popa do navio ficaram presas nas laterais do canal.
“É como uma gigantesca baleia encalhada. Um enorme peso sobre a areia. Talvez tenhamos de trabalhar com uma combinação de redução de peso, ao remover contêineres, petróleo e água da embarcação, junto de navios de reboque e drenagem da areia”.
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Cerca de 30% do transporte global de contêineres passa pelos 193 km da hidrovia de Suez diariamente, além de aproximadamente 12% do comércio mundial.
Especialistas alertam que o bloqueio provavelmente não será solucionado nos próximos dias. Algumas embarcações terão de redirecionar suas rotas em torno do extremo meridional do continente africano, jornada que dura em média uma semana.
A empresa de consultoria Wood Mackenzie argumentou que o maior impacto repousa sobre os contêineres da própria embarcação, embora haja um total de 16 petroleiros que deveriam atravessar o canal e agora aguardam a resolução do incidente.
A carga dos petroleiros equivale a 870 mil toneladas de petróleo cru e 670 mil toneladas de produtos derivados, como gasolina, nafta e diesel.
Segundo a firma de análise do mercado Vortexa, os principais exportadores de petróleo via Suez são Rússia e Arábia Saudita. China e Índia são os maiores importadores.
A companhia marítima japonesa Shoei Kisen desculpou-se pelo incidente e descreveu as operações para desencalhar o navio, em rota da Europa à China, como “extremamente difíceis”, sem prazo evidente para a liberação do canal.
O sinal de GPS da embarcação mostra apenas um leve deslocamento nas últimas 24 horas.
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