O Instituto Butantan desenvolveu uma nova vacina contra a covid-19, a Butanvac, e pedirá autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta sexta-feira (26) para começar os testes em voluntários.
Essa é a primeira vacina a ser desenvolvida completamente no país e o objetivo é ter 40 milhões de doses prontas até o fim do ano. O pedido para a Anvisa se refere às fases 1 e 2 dos testes, que, se aprovados, devem começar em abril em 1800 pessoas.
O Butantan anuncia a criação da ButanVac, a 1ª vacina 100% brasileira contra Covid-19. A produção deve começar ainda este ano, na fábrica que hoje faz a vacina contra Influenza. A ButanVac será entregue ao Brasil ainda em 2021. Grande notícia. #Podeconfiar #VacinadoButantan pic.twitter.com/nXzayYDWSa
— Instituto Butantan (@butantanoficial) March 26, 2021
O diretor do Instituto, Dimas Covas, afirmou que essa será uma vacina de “segunda geração, mais imunogênica”, porque utiliza o conhecimento aprendido com as vacinas anteriores contra a covid-19. A Butanvac leva matéria prima brasileira, o que evita os atrasos gerados pela importação de insumos e tem a mesma tecnologia utilizada na vacina da gripe. Covas anunciou que o imunizante é eficaz contra a variante brasileira, P1, e demonstrou uma resposta imunológica maior que as vacinas atuais.
“Protocolaremos esse material ainda hoje e vamos dialogar intensamente com a Anvisa para que ela perceba a importância da autorização do início desses estudos clínicos o mais rapidamente possível, para que possamos em um mês e meio, dois meses e meio, terminar essa fase de avaliação clínica e iniciar a produção”, disse Dimas Covas.
O governador de São Paulo, João Dória, afirmou que as informações da Butanvac também serão enviadas para a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira, para que acompanhe todo o estudo clínico. Dória afirmou ser um dia “dia histórico”.
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“Hoje é um dia da vida, da esperança. Está aqui a nova vacina do Instituto Butantan, a Butanvac, desenvolvida por técnicos especialistas, cientistas brasileiros, aqui no Butantan: 120 anos a serviço da vida. E agora, além da Coronavac, nós teremos uma vacina 100% nacional”, disse Dória em anúncio oficial na sede do Instituto, “ hoje é um dia de mais esperança, é o dia de uma nova vacina. 40 milhões de doses dessa vacina poderão estar disponibilizadas ainda este ano, para salvar brasileiros de todo o país.”
Dia histórico para a ciência brasileira. Com a aprovação da Anvisa, poderemos fornecer ao Brasil, em julho deste ano, a ButanVac, a vacina brasileira contra a Covid-19. Produção 100% nacional, sem depender de nenhum país para o fornecimento de insumos. pic.twitter.com/19xMn3BrvP
— João Doria (@jdoriajr) March 26, 2021
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina da gripe. Em contraste com o vírus da influenza, o vírus da Doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, sendo uma alternativa muito segura na produção. Além disso, o vírus é inativado para a formulação, facilitando sua estabilidade e deixando a vacina ainda mais segura.
O desenvolvimento da vacina brasileira não afetará o cronograma da Coronavac, que é envasada pelo Instituto com insumos vindos da China, porque as produções serão realizadas em fábricas diferentes. A Butanvac utilizará a fábrica que produz a vacina da Influenza do Butantan, que pode produzir o insumo utilizando a tecnologia de vacina inativada com base em ovo. Segundo Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do instituto, a nova vacina terá perfil alto de segurança. “Nós sabemos produzir a ButanVac, temos tecnologia para isso e sabemos que vacinas inativadas são eficazes contra a Covid-19. Poder entregar mais vacinas é o que precisamos em um momento tão crítico”, explica.