Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

O que o estado de Israel faz com os palestinos hoje é o holocausto do século 21

Entrevista com Said Mourad, primeiro presidente da Associação de Parlamentares por Al Quds
Said Mourad [Foto Assembleia Legislativa de São Paulo]
Said Mourad [Foto Assembleia Legislativa de São Paulo]

A questão palestina é um dos temas mais debatidos no mundo, porém, a desinformação e preconceito ainda são grandes. O povo palestino segue resistindo a todo tipo de agressão e violência cometidos por Israel desde sua fundação.

A Associação Parlamentares por Al Quds surge justamente com a missão de desmistificar e informar as pessoas sobre a realidade e brutalidade que os palestinos sofrem cotidianamente.

Said Mourad, ex-deputado estadual da cidade de São Paulo, foi o primeiro presidente da associação e fala, nesta entrevista ao Monitor do Oriente Médio,  sobre a motivação que o levou a atuar na causa palestina e o propósito da associação, hoje dirigida por uma parlamentar argentina.

Qual a importância da Associação dos Parlamentares por Al Quds e quem pode participar? 

A questão mais importante, é abrir os olhos da sociedade para as questões de justiça no mundo inteiro, não só com os palestinos. Combatemos a injustiça, desigualdades sociais e a segregação. Queremos conscientizar a população, não só dos descendentes de árabes, mas todos, do que é o sionismo e o que é o neonazismo. Também buscamos informar sobre o que realmente  é o islamismo, os muçulmanos e árabes, quem são de verdade. É isso que a gente tenta divulgar.

É uma briga desproporcional, é Davi contra Golias, nós somos minúsculos, eles são gigantes, pois  eles têm o poder da mídia. Fazemos  o trabalho de formiguinha para  divulgar a verdade. Contra fatos não há argumentos. A gente tenta mostrar a verdade, pouco a pouco, à população.

Qualquer parlamentar no mundo inteiro pode participar, se tiver consciência política e boas intenções.

O senhor é membro desde o início …

Sim, fui o primeiro presidente da América Latina e da  América Central, presidente honorário, com muito gosto e passamos a presidência agora para Julia Perrié, que é deputada argentina. O Bairon, do Equador, era o vice-presidente. Infelizmente ele faleceu há pouco tempo por covid-19.

LEIA: Entrevista com o deputado equatoriano Bairon Valle Pinargote

Encontro de Parlamentares por Al Quds (Jerusalém), em Kuala Lampur [ Arquivo pessoal]

Encontro de Parlamentares por Al Quds (Jerusalém), em Kuala Lampur [ Arquivo MEMO]

O sr. vem de uma trajetória política no parlamento?

De 2002 até 2010 fui deputado estadual. Sou formado em engenharia civil e fiz pós em administração de empresas. Comecei a trabalhar com política, nos bastidores, em campanhas políticas. Inicialmente, atendia  comunidades e associações de bairros carentes e suas necessidades. Fui candidato em 2002, me elegi a primeira vez e em 2006 fui reeleito até 2010;

O que o aproximou da luta palestina?

É uma questão de justiça com toda a civilização. Os palestinos foram e são injustiçados pelos sionistas. Sempre fui atento às questões sociais e de justiça, assim como, as comunidades injustiçadas e segregadas, abandonadas e discriminadas e entre elas, uma das principais do mundo é a comunidade palestina. Tenho também muitos amigos judeus, a gente respeita muito o judaísmo. E esses amigos são ão a favor da paz, da convivência, da agregação e são contra o estado sionista, pois  foi este estado que criou todo esse imbróglio no oriente médio e se que reflete no Brasil, na América Latina e no mundo inteiro.   Antes da criação do estado sionista de Israel, as comunidades judias eram prósperas junto com os árabes na Palestina. Havia comunidades enormes. Até que foi criado o estado de Israel, que é um estado artificial e neonazista. Comparo aos nazistas porque existe uma grande discriminação, segregação e  apartheid na Palestina.

Como o senhor analisa a atual política em relação à ocupação da Palestina na Câmara dos Deputados? 

Eu conheço Eduardo Bolsonaro, (que presidiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados até março de 2021) e conversei com ele a respeito disso. Ele parece que não lê, parece que não estuda, falei para ele, “Eduardo, o estado israelense é um estado artificial, criado pelos sionistas. Os judeus de verdade são contra esse estado, não apoiam.” Disse a ele para ler mais.

Existem vários vídeos de rabinos fazendo manifesto contra o estado de Israel e de seu governo e isso a mídia não divulga, porque a mídia é controlada pelos sionistas.

O History Channel, por exemplo,  é impressionante como eles são tendenciosos, como fazem propaganda de divulgação do sionismo. Indiretamente este canal faz lavagem cerebral na gente.

E se você for ver no MEC (Ministério da Educação ), é a mesma coisa. Como em todos os países, há sionistas infiltrados na educação no Brasil, no ministério que estão tentando influenciar os conteúdos no ensino fundamental e médio, nos livros de história e de geografia, distorcendo a questão sionista e de Israel.

Falam mal dos árabes e dos muçulmanos da Palestina, como Hitler fazia em relação aos judeus no nazismo, uma lavagem cerebral na população.

LEIA: Brasil precisa voltar a uma política de reconhecimento da Palestina. Entrevista com o parlamentar Eduardo Suplicy, vereador mais votado de São Paulo

E a relação diplomática do Brasil tão próxima  com Israel?

Eu só lamento, porque o que o Brasil tem a ganhar com isso? São apenas questões pessoais. O presidente não é um estadista, não olha para as questões da nação e da população brasileira, ele olha apenas para seu ego. É por questões pessoais que ele apoia Israel e não por questões que vão fazer bem ao Brasil ou para o mundo.

Como o sr. vê o papel de Israel no mundo?

As questões que o estado de Israel faz com os palestinos hoje, é o holocausto do século XXI, 70 anos depois, está tendo um novo holocausto na Palestina. É como Israel atua.

Eu estava no Líbano em 1982, quando Israel invadiu o sul do Líbano e junto com milícias libanesas, os sionistas cercaram Sabra e Chatila, dois campos de refugiados palestinos. O que eles fizeram lá foi horrível. Eles cercaram os campos com tanques e permitiram que  palestinos homens, de 8 a 60 anos de idade,  pudessem sair com suas armas, para não ter conflito. Ficaram apenas mulheres, crianças e idosos e seus animais de estimação. E logo após os palestinos saírem, os soldados israelenses mataram todos que ficaram.

Mataram velhos, crianças e mulheres, todos indefesos, sem armas, mataram todo mundo até os  cachorros e gatos. Isso é um holocausto, um genocídio ou o que?

LEIA: Um dia para lembrar do sofrimento dos judeus sob o nazismo e a limpeza étnica do povo palestino sob a Nakba

Categorias
América LatinaÁsia & AméricasBrasilEntrevistasIsraelLíbanoOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments