O que: A conquista americana de Bagdá
Quando: 3 a 14 de abril de 2003
Onde: Bagdá, Iraque
Em 20 de março de 2003, quando os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para invadir ilegalmente o Iraque, sob o pretexto ficcional de neutralizar armas de destruição em massa supostamente mantidas pelo então presidente iraquiano Hussein, o principal alvo estratégico da chamada “coalizão da boa vontade” era a capital Bagdá.
Com o objetivo de semear a discórdia na estrutura de comando do exército iraquiano e forçá-lo a combater do lado de fora da cidade, a coalizão bombardeou pesadamente os subúrbios da capital. Os americanos temiam o que poderia ocorrer caso o combate se degenerasse à guerrilha urbana, ao calcular enormes perdas em potencial. Ao bombardear Bagdá, deste modo, forçaram os iraquianos a comprometer a maior parte de suas forças aos limites da capital, onde foram vastamente derrotados.
Embora as forças americanas tenham capturado boa parte de Bagdá em 9 de abril, confrontos esporádicos continuaram nos dias seguintes e uma vitória foi formalmente declarada pelo exército dos Estados Unidos apenas em 14 de abril.
O bombardeio americano contra Bagdá foi tão severo que hospitais locais recebiam cerca de cem baixas por hora, a maioria civis. Até hoje, a infraestrutura da capital não foi completamente reconstruída e a cidade preserva suas cicatrizes não somente do ataque americano como de mais de uma década de atentados e conflitos que sucederam a invasão de 2003.
O que aconteceu a seguir?
As forças dos Estados Unidos esperavam capturar Saddam Hussein e figuras de liderança do regime baathista logo após a queda da capital, mas fracassaram em fazê-lo. Saddam fugiu a al-Dour, perto de sua aldeia natal de Tikrit, norte do Iraque, e demorou oito meses para ser apreendido, apenas em dezembro.
Nos anos seguintes, sob ocupação americana, Bagdá testemunhou um estado contínuo de violência à medida que diversos grupos de resistência foram organizados para enfrentar os invasores estrangeiros. Contudo, disputas políticas e a entrada em cena de organizações terroristas como a Al Qaeda – jamais presentes no Iraque, antes da invasão americana – decorreram no declínio de uma pretensa resistência nacional a disputas sectárias.
O novo regime iraquiano começou a dividir Bagdá entre guetos sunitas e xiitas e efetivamente lavou as mãos às atividades de milícias jihadistas xiitas que conduziram uma verdadeira campanha de limpeza sectária em muitos distritos da capital, seja ao assassinar sunitas ou ameaçá-los de violência caso não vendessem suas casas e deixassem a região. As ramificações letais da invasão de Bagdá jamais foram superadas, até então.
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