A nova coalizão de governo da Líbia lançou neste sábado (10) seu programa de vacinação contra o covid-19, há muito esperado, após receber cerca de 160 mil doses na última semana.
A vacinação do Primeiro-Ministro Abdul Hamid Dbeibeh foi transmitida ao vivo pela televisão.
As informações são da agência Reuters.
Embora a Líbia tenha mais recursos que seus vizinhos, devido às exportações de petróleo, o sistema de saúde do país está em ruínas há anos, em virtude de disputas políticas e violência, sob graves dificuldades para enfrentar a pandemia.
Dbeibeh descreveu a data de ontem como “bênção” na luta contra o covid-19, após receber a primeira dose da vacina, sem especificar o fabricante. Não obstante, ao menos 100 mil doses do imunizante russo Sputnik V chegaram à Líbia nesta semana.
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O Governo de União Nacional, sob liderança de Dbeibeh, tomou posse interinamente em março, após ser incumbido pelo processo mediado pela ONU com um mandato para unificar o país, melhorar os serviços públicos e preparar as eleições nacionais de dezembro.
O governo de Dbeibeh utiliza a entrega das vacinas e a subsequente campanha nacional como evidência da melhora nas vidas do cidadão comum, após substituir duas administrações beligerantes que dividiram o país longitudinalmente.
“Através de consultas políticas e esforços do primeiro-ministro, a vacina está disponível”, afirmou o Ministro da Saúde Ali al-Zanati, que sugeriu previamente ter solicitado até então 1.4 milhão de doses ao país norte-africano, com total de seis milhões de habitantes.
O Centro de Controle de Doenças da Líbia reportou que mais de 400 mil pessoas se inscreveram para a vacinação em mais de 400 unidades de saúde por todo o território nacional.
A Líbia registrou oficialmente mais de 166 mil casos de coronavírus e quase 3 mil mortes. Entretanto, representantes da ONU alertam para a subnotificação.
“Sinto muito que a vacina chegue tarde à Líbia, após milhares de pessoas serem infectadas. Porém, antes tarde do que nunca”, comentou o comerciante Ali al-Hadi, ao relatar que sua esposa adoeceu com covid-19, mas recuperou-se.
Muitos líbios temem que a campanha de vacinação seja prejudicada pelas disputas políticas ou sectarismo, após anos de conflitos.
“Temos esperanças de que o Ministério da Saúde evite brigas políticas para prover seus serviços aos pacientes”, comentou Khawla Muhammad, dona de casa de 33 anos.
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