Estados Unidos e países europeus signatários do acordo nuclear iraniano reagiram ontem (14) à decisão de Teerã de enriquecer urânio a 60% de pureza, ao descrever a medida como “provocação” e questionar o compromisso da república islâmica com as negociações.
As informações são da agência Reuters.
O Irã anunciou planos para enriquecer urânio a 60% – avanço considerável em direção aos 90% requeridos à produção militar, muito acima dos 20% prévios –, como resposta ao que descreve como sabotagem de Israel à sua principal instalação atômica, na última semana.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken alegou que a medida iraniana incita questões sobre seu compromisso com o diálogo conduzido em Viena, junto de potências internacionais, cujo intuito é restaurar o acordo assinado em 2015.
“Levamos bastante a sério o anúncio provocativo de Teerã sobre seus planos para enriquecer urânio a 60%”, declarou Blinken durante coletiva de imprensa na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Bruxelas, capital da Bélgica.
“Tenho de dizer que a medida incita dúvidas sobre a seriedade iraniana perante as negociações do acordo nuclear”, prosseguiu o chefe da diplomacia americana.
O pacto atômico internacional efetivamente desmanchou após o ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump decidir abandoná-lo em 2018, ao instituir sanções econômicas “sem precedentes” à república islâmica.
Na última semana, o Irã e seus consignatários realizaram o que descreveram como “conversas construtivas” na capital austríaca para ressuscitar o tratado.
Entretanto, no domingo (11), às vésperas da segunda semana de negociações, uma explosão atingiu a proeminente instalação nuclear iraniana de Natanz, em aparente episódio de uma longa guerra encoberta combatida entre Tel Aviv e Teerã.
Suspeitas logo recaíram em Israel, forte apoiador da política linha dura de Trump; porém, o estado sionista não comentou oficialmente o caso.
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Reino Unido, França e Alemanha também afirmaram que a decisão de Teerã de enriquecer urânio a 60% e ativar mil centrífugas avançadas em Natanz contradiz as negociações para resgatar o Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA), título oficial do acordo nuclear.
Em aparente referência a Israel, os países europeus declararam seu repúdio a “todas as medidas de escalada por parte de qualquer agente”.
“O anúncio iraniano é particularmente lamentável em um momento no qual os signatários do JCPOA e Estados Unidos retomam conversas substantivas para encontrar uma solução diplomática e revitalizar o tratado”, atestaram os três países em nota oficial.
“A perigosa comunicação recente do Irã é contrária ao espírito construtivo e à boa fé de tais discussões”, enfatizou o comunicado europeu.
As negociações sobre o acordo nuclear devem continuar em Viena nesta quinta-feira (15).
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