No início do Ramadã 2021, o Instagram lançou, como faz nas grandes celebrações religiosas ou passagens comemorativas, três figurinhas para homenagear o mẽs sagrado de jejum dos muçulmanos. As ilustrações que fazem referência à lua crescente, a uma mesquita e ao chá com tâmaras foram criadas pela artista Hala AlAbbasi, do Bahrein. A graça das imagens levou muitos internautas desinformados a associá-las a conteúdos sem qualquer relação com o Ramadã, religião ou cultura muçulmanas. Mas o uso desconectado da homenagem não foi apenas inocente.
As figurinhas que celebram o mês sagrado também ajudam a rede a funcionar como um indexador de conteúdos, facilitando aos usuários que incorporam essas imagens a ter suas postagens direcionadas a uma área comum sobre o tema no aplicativo. Como a visibilidade resultante é grande, estrategistas de marketing sem muita criatividade aproveitaram a oportunidade para divulgar produtos comerciais, postagens pessoais, filmes sobre qualquer coisa, em ações consideradas desrespeitosas nas redes sociais.
Essas são algumas das paradas que a galera tá postando no instagram usando as figurinhas do Ramadã pic.twitter.com/zKvwljZ1Y3
— xampion galasataray (@MatsBats23) April 14, 2021
A prática é classificada pela gíria “pedir biscoito”, que significa se apropriar de assuntos populares para obter recompensas em acessos, visualizações e interações, como explica o site Núcleo Jor, de jornalismo, ao recomendar contra o uso das figurinhas como moeda biscoito.
O Instagram foi lá e criou um sticker pro Ramada e tem marca usando pra se promover e aparecer nos destaques pic.twitter.com/Acz0c1jHtG
— Way (@tabyurie) April 14, 2021
A reação ao mau uso, por outro lado, teve um lado educativo, que levou várias mídias importantes a dedicar matérias para explicar a simbologia das imagens, o sentimento muçulmano e o significado do Ramadã. Alguns exemplos são a notícia do G1, intitulada Uso de ‘figurinhas’ do Instagram sobre o Ramadã gera polêmica; saiba o que é o mês sagrado do Islã; a publicação do GQ , Sticker do Ramadan não pode ser usado como, diz especialista, e chamadas nos portais Uol, Correio Brasilense e Olhar Digital, entre outros
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