O Primeiro-Ministro da Etiópia Abiy Ahmed anunciou neste domingo (18) que o segundo preenchimento da Grande Represa do Renascimento será conduzido entre julho e agosto, temporada de chuvas na região, segundo informações da agência Anadolu.
A Etiópia revelou seu enorme projeto de US$5 bilhões em 2011 e a data original para conclusão das obras já ultrapassou quatro anos.
Não obstante, o governo etíope pretende testar duas das turbinas da barragem logo após o segundo preenchimento de seus reservatórios, previsto para reter 14 bilhões de metros cúbicos de água – com capacidade total de 70 bilhões de metros cúbicos.
Na última temporada de chuvas, o país africano aplicou 4.9 bilhões de metros cúbicos de água para dar início ao preenchimento da barragem.
A Grande Represa do Renascimento – megaprojeto hidrelétrico construído com recursos domésticos – deverá ter capacidade de gerar até 6.475 megawatts de energia para suprir a demanda comum e industrial da Etiópia.
O país também tem esperanças de aumentar seu fluxo de moeda estrangeira através da venda de eletricidade a estados vizinhos.
“Às vésperas do segundo preenchimento, a Etiópia está liberando mais água do estoque do último ano via válvulas de escape concluídas, conforme informação compartilhada”, declarou o premiê Abiy, condecorado com o Prêmio Nobel da Paz em 2019.
“O próximo preenchimento ocorrerá durante os meses de fortes chuvas, em julho e agosto, para garantir benefícios ao reduzir as enchentes no Sudão”, prosseguiu no Twitter.
“A Etiópia, ao desenvolver o Rio Abbay para suas necessidades, não tem qualquer intenção de prejudicar os países à jusante”, reiterou Abiy.
“As fortes chuvas do último ano permitiram o êxito do primeiro preenchimento da Grande Represa do Renascimento, à medida que a presença da barragem certamente impediu violentas inundações no vizinho Sudão”.
O Ministro de Águas e Energia da Etiópia Seleshi Bekele confirmou ainda: “As obras de dois escapes inferiores da barragem, para liberar água rio abaixo, foram concluídas, testadas e estão operacionais. Tais escapes têm capacidade de dissipar todo o fluxo anual do Abbay”.
“Concedemos garantias de que o fluxo de águas a jusante não será interrompido em momento algum”, enfatizou o ministro etíope.
Egito e Sudão pressionam pela assinatura de um “acordo vinculativo” sobre as regras e procedimentos do preenchimento e das atividades da represa, construída na bacia hidrográfica do Nilo. A Etiópia insiste que as diretrizes atuais são suficientes.
Uma Carta de Princípios, assinada em 2015 pelos três países, reconhece a demanda etíope pelo projeto à medida que os três estados vizinhos negociem pormenores.
O segundo preenchimento da barragem é parte das obras em curso e deverá permitir à Etiópia que teste suas turbinas.
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