Entre 2016 e 2021, cem crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio de Janeiro, sendo que 76% foram vítimas de balas perdidas, segundo levantamento do Fogo Cruzado divulgado ontem (18). No dia 17 de abril, o menino Kaio Guilherme da Silva Baraúna entrou para a estatística e se tornou a 100ª criança baleada.
Kaio estava em uma confraternização onde faz aulas de reforço escolar, em Bangu, zona oeste do Rio, quando foi atingido por uma bala perdida na cabeça. A criança está em coma, em estado grave. Este ano, seis crianças já foram baleadas no Grande Rio, duas morreram.
A plataforma digital Fogo Cruzado mapeou que das cem vítimas com menos de doze anos, 29 faleceram. Do total, 39 foram baleadas em ações envolvendo a presença de agentes de segurança, sendo que dez morreram.
Em 13 de janeiro deste ano, foi sancionada a Lei Ágatha Felix (Lei 9.180/21) que garante prioridade nas investigações de crimes contra a vida de crianças e adolescentes. Ágatha Vitória Sales Felix, de oito anos, foi morta em 20 de setembro de 2019, durante uma operação policial no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, quando voltava para a casa com a mãe. O tiro que a matou partiu da arma de um cabo da Polícia Militar, segundo o inquérito. Em 2019, morreram sete crianças, entre as 24 que foram baleadas.
Em 2018, ano da intervenção federal no estado do Rio de Janeiro, houve o maior número de crianças baleadas no Grande Rio desde o início do mapeamento, em 2016. Foram 25 vítimas, quatro delas não sobreviveram.
Ação e operação policial é o principal motivo dos casos, responsável por 32 vítimas, oito delas morreram. Os outros motivos dos tiros são: homicídio e tentativa de homicídio (doze vítimas: sete mortas e cinco feridas); ataque a civis (dez vítimas: uma morta e nove feridas); roubo e tentativa de roubo (seis vítimas: duas mortas e quatro feridas); e briga (seis vítimas: uma morta e cinco feridas).
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