Judiciário da Tunísia investiga financiamento dos EUA de campanha presidencial

Presidente da Tunísia Kais Saied durante cerimônia em Túnis, Tunísia, 22 de março de 2021 [Yassine Gaidi/Agência Anadolu]

Fawzi al-Daas, diretor da campanha eleitoral de 2019 para o atual Presidente da Tunísia Kais Saied, reportou que o judiciário militar do país abriu uma investigação nesta terça-feira (20) sobre acusações proferidas pelo parlamentar Rached Khiari.

Khiari alegou que Saied recebeu recursos dos Estados Unidos para sua campanha presidencial e incitou assim uma grande controvérsia em todo o país.

Em notas à agência de notícias oficial, relatou al-Daas: “Fui convocado como testemunha pela promotoria da corte militar tunisiana, após a abertura de um inquérito sobre um vídeo publicado pelo parlamentar Rached Khiari na noite de segunda-feira, em sua página do Facebook”.

Khiari acusou a campanha eleitoral de Saied de receber recursos estrangeiros via pedidos postais em nome do futuro presidente e alegou possuir documentos para provar suas queixas.

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Al-Daas recusou-se a conceder mais detalhes, ao declarar: “O caso está agora com a corte”

Ainda em 19 de abril, mesma data da postagem do vídeo, al-Daas anunciou que planeja processar Khiari por acusá-lo de receber recursos estrangeiros destinados à campanha.

Saied tomou posse em 23 de outubro de 2019.

Em vídeo, Khiari denunciou o presidente tunisiano por receber US$5 milhões de um oficial de inteligência dos Estados Unidos, durante o mandato do ex-presidente americano Donald Trump, com o objetivo de financiar sua candidatura ao cargo máximo do executivo.

O parlamentar afirmou ainda ter gravações em vídeo e áudio para incriminar a campanha — “confirmando que al-Daas está entre aqueles que receberam o dinheiro via correio”.

Khiari prosseguiu: “As partes que financiaram a campanha de Saied nos entregaram as provas, após o presidente mudar sua aliança de Washington a Paris”.

O legislador tunisiano também acusou Saied e al-Daas de cometerem crimes contra a segurança do estado, ao supostamente violar a “santidade da pátria” e consequentemente anular os resultados das últimas eleições presidenciais conduzidas no país.

Khiari garantiu que Saied comprometeu-se, a princípio, a proteger os interesses dos Estados Unidos na Tunísia, antes de voltar atrás e mudar sua posição em apoio à França.

Segundo as alegações, o filho de Saied recebeu um telefonema da Casa Branca para assegurar a vitória de seu pai antes mesmo do anúncio oficial dos resultados do pleito.

O parlamentar reiterou estar disposto a comparecer ao judiciário tunisiano contra o presidente, caso Saied renuncie da imunidade de seu cargo.

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As acusações de Khiari surgem em meio a uma crise política na Tunísia, sob impasse entre o presidente e o primeiro-ministro Hichem Mechichi, desde 16 de janeiro, quando o premiê anunciou uma reformulação do governo, aprovada posteriormente pelo legislativo.

Saied, porém, não aceitou o novo gabinete, sob pretexto de “violações”.

A vitória de Saied, ex-professor universitário sem filiação a nenhum partido, causou surpresa às forças políticas tunisianas, ao obter 72.71% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais contra Nabil Karoui, líder do Partido Coração da Tunísia.

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