Mulheres no Kuwait protestaram nesta quinta-feira (22) para reivindicar maior proteção contra a violência de gênero, em resposta a um feminicídio cujo criminoso já fora denunciado às autoridades por assediar a vítima, reportou a agência Reuters.
Na terça-feira (20), Farah Hamza Akbar foi sequestrada de seu carro por um homem e posteriormente esfaqueada e deixada em frente a um hospital, confirmaram o advogado da família e o Ministério do Interior do Kuwait.
O incidente reacendeu críticas a como as mulheres são tratadas pela sociedade e sobretudo pela legislação no estado do Golfo.
“Uma mulher foi morta em plena luz do dia, durante o Ramadã … Por que o governo é incapaz de proteger as mulheres? Há uma constituição entre nós e o estado e essa constituição nos promete igualdade”, denunciou a ativista Sahar Bin Ali, durante o ato na capital.
O assassinato ocorre apenas dois meses após um movimento ser lançado online no Kuwait, em apelo por maior proteção às mulheres do assédio e da violência. A campanha foi descrita como o momento #MeToo do país árabe.
“Mulheres no Kuwait relatam que a polícia não leva suas queixas a sério, ao deixá-las sob risco ainda maior quando de fato reportam a violência contra elas”, observou Rothna Begum, ativista da organização internacional Human Rights Watch.
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O Ministério do Interior do Kuwait confirmou que um homem não identificado foi preso após abduzir uma mulher, esfaqueá-la no tórax e deixá-la morrer.
O advogado da família, Abdul Mohsin al-Qattan, observou que, no dia do crime, o suspeito aguardou Farah sair de casa com sua filha e sobrinha e então a seguiu. O criminoso jogou o próprio veículo contra o carro da vítima e a sequestrou.
Al-Qattan reiterou que a família já havia registrado sucessivas queixas contra o homem.
Mulher kuwaitiana é assassinada após recusar pedido de casamento
Ativistas denunciam que o assédio, a violência doméstica ou “crimes de honra” são tradicionalmente um tabu no estado do Golfo.
Uma duradoura campanha busca revogar parte do código penal kuwaitiano que concede penas reduzidas a homens acusados de assassinar suas esposas sob suspeita de adultério.
“Pessoalmente, não me sinto segura … Fico preocupada com as minhas filhas, que podem ser assediadas e mortas em plena luz do dia”, relatou Umm Mohammed durante o protesto, que reuniu cerca de 150 homens e mulheres na Cidade do Kuwait.
Em setembro, uma nova lei foi introduzida pelo governo sob a promessa de conceder alguma proteção adicional contra a violência doméstica. Porém, no mesmo mês, uma mulher grávida foi baleada e morta por seu irmão devido a uma disputa de casamento.