Na última década, Israel tem conduzido uma campanha de difamação cruel contra grupos de direitos humanos que criticam o estado sionista, concluiu um novo relatório do Observatório para a Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos. Intitulado Target Locked, o relatório expôs “as implacáveis campanhas de difamação israelense para desacreditar grupos de direitos humanos em Israel, na Palestina, e nas Colinas de Golã na Síria”.
Grupos de direitos humanos e ONGs que estão trabalhando em questões relacionadas à ocupação israelense, atividades de assentamento, responsabilização por crimes internacionais e violações dos direitos humanos, solicitantes de refúgio e refugiados, prisioneiros políticos ou os direitos da minoria palestina em Israel têm sido os principais alvo de uma vasta campanha de deslegitimação liderada pelo Ministério de Assuntos Estratégicos e Diplomacia Pública (MSA, na sigla em inglês) de Israel.
Os autores do relatório dizem que o MSA tem apresentado uma estratégia feroz israelense para deslegitimar grupos e ongs de direitos humanos que defendem os palestinos como “agentes antissemitas com laços profundos com grupos terroristas fixados em destruir o Estado de Israel”.
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A estratégia posta em prática pelo governo israelense é tripla: deslegitimar as vozes críticas da sociedade civil por meio de “denunciar e envergonhar” e associá-las a terroristas ou antissemitas; pressionar qualquer um que dê uma plataforma para seu discurso e fazer lobby ativamente para cortar suas fontes de financiamento.
O relatório constatou que uma elaborada rede antipalestina foi erguida nos últimos anos e que o ataque vicioso de grupos críticos de Israel se acelerou com a eleição do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. “Atuando ao lado estão as infames ongs controladas pelo governo, cujo principal objetivo é transmitir a propaganda do governo israelense contra os atores da sociedade civil, inclusive em nível internacional”, diz o relatório.
“Tanto o MSA quanto os grupos afiliados ao governo estão combinando críticas legítimas às graves violações dos direitos humanos israelenses com antissemitismo e estão empregando alegações vagas e infundadas de afiliações terroristas contra organizações da sociedade civil palestina (OSCs), a fim de privá-las de financiamento essenciais para sua sustentabilidade”, argumentou o relatório, acrescentando que essas campanhas são acompanhadas de intimidação e perseguição aos defensores dos direitos humanos. Os tipos de assédio incluem proibições de viagens, detenções e prisões arbitrárias, assédio judicial, deportação, ataques físicos e cibernéticos e ameaças de morte.
Descrevendo o “desenvolvimento do arsenal legislativo e administrativo” que Israel desenvolve contra grupos de direitos humanos, o relatório listou uma série de leis que foram introduzidas para impedir o trabalho das OSC na Palestina histórica e na Cisjordânia ocupada e Gaza. “De 2010 em diante, um número sem precedentes de projetos de lei foi apresentado no Knesset para limitar o espaço cívico das ongs”, diz o relatório.
Um dos principais objetivos da campanha é cancelar o financiamento do trabalho de grupos de direitos humanos, diz o relatório. Internamente, os esforços do governo israelense têm se concentrado na implementação de legislação que impeça o acesso das ongs a financiamento local e estrangeiro. Paralelamente, o governo israelense e seus grupos pró-governamentais e antidireitos humanos têm conduzido uma campanha ofensiva pela qual, fora de Israel, pressionam os financiadores para que parem de apoiar ongs palestinas de direitos humanos com base em acusações de seu suposto apoio para o terrorismo.
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