O dissidente argelino Karim Tabbou, um dos símbolos do movimento de protestos pró-democracia Hirak, foi preso na noite de quarta-feira (28), na capital Argel, reportou a AFP.
Segundo seu advogado, Ali Falah Ben Ali, a detenção de Tabbou — influente figura da oposição argelina, de 47 anos — ocorreu após uma queixa ser registrada contra ele por Bouzid Lazhari, chefe do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH).
Tabou compareceu a uma audiência com a promotoria ontem, para responder à alegação de “abuso verbal” e agressão cometidos durante o funeral de outro ativista de direitos humanos, o advogado Ali Yahya Abdel Nour, na segunda-feira (26), em um cemitério local.
Tabbou foi libertado sob condicional pelas autoridades.
Desde fevereiro de 2019, quando emergiu um movimento de protesto contra o regime, Tabbou tornou-se bastante ativo. Entre setembro de 2019 e julho de 2020, permaneceu preso, em meio a uma forte repressão contra ativistas e jornalistas, às vésperas de eleições legislativas.
Na terça-feira (27), pela primeira vez, a polícia argelina impediu estudantes de participar de manifestações semanais mantidas em Argel sob a bandeira do movimento Hirak.
As forças de segurança prenderam dezenas de pessoas e invadiram diversos escritórios do movimento, segundo o Comitê Nacional para Libertação de Detidos (CNLD), que concede assistência a prisioneiros políticos. Quase todos foram libertados posteriormente.
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Kaddour Chouicha, presidente da Liga Argelina em Defesa dos Direitos Humanos (LADDH), e sua esposa, a jornalista e ativista Jamila Loukil, foram presos em Orã ao deixarem uma corte após o adiamento de seu recurso em um processo datado de 2020.
O CNLD relatou que Chouicha e Loukil foram liberados na noite de quarta-feira, mas tiveram de comparecer novamente à delegacia local. Em seguida, forças de segurança revistaram sua residência e apreenderam computadores e celulares.
A casa de outro ativista detido, Hisham Khayyat, cofundador da iniciativa independente por diálogo nacional Nidaa 22, também foi alvo de busca e apreensão na quarta-feira, na cidade de Blida, perto da capital — seu computador foi confiscado.
“Estamos preocupados com a escalada das práticas repressivas contra vozes da oposição e do movimento Hirak”, declarou a LADDH. “Exortamos o governo a dar fim imediato ao assédio e às prisões arbitrárias contra ativistas, políticos, figuras da sociedade civil e jornalistas”.
Segundo grupos locais de apoio aos prisioneiros de consciência, cerca de 65 pessoas detidas hoje aguardam julgamento em casos relacionados a protestos ou liberdades individuais.
O movimento Hirak tornou-se popular ao contestar a candidatura do longevo ditador Abdelaziz Bouteflika a um quinto mandato presidencial. Após sua deposição, passou a demandar uma mudança radical no sistema político argelino, em vigor desde a independência, em 1962.