Autoridades turcas revelaram que o julgamento contra os cidadãos sauditas responsáveis pelo assassinato do jornalista exilado Jamal Khashoggi em outubro de 2018 continuará, poucos dias após a tentativa de reconciliação com o Reino.
De acordo com o Middle East Eye, autoridades anônimas disseram que o julgamento à revelia continuará ininterrupto. “A justiça prevalecerá”, disse uma. “Não haverá qualquer interrupção no processo legal pela própria Turquia.”
Isso aconteceu poucos dias depois que o porta-voz presidencial da Turquia, Ibrahim Kalin, anunciou que o país saúda e respeita o julgamento feito pela própria Arábia Saudita dos vinte suspeitos no ano passado, nos esforços para reparar suas relações tensas com Riad. Ancara também espera que o boicote não oficial imposto pelos sauditas aos produtos e exportações turcos seja suspenso.
Na quarta-feira, no entanto, foi relatado que as autoridades sauditas ordenaram o fechamento de oito escolas turcas em todo o Reino, em outra afronta aos esforços de reconciliação da Turquia.
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O assassinato de Khashoggi no Consulado Saudita em Istambul foi uma causa significativa do rompimento das relações entre os dois países. A Turquia condenou o assassinato e divulgou evidências indicando que o próprio príncipe saudita, Mohammed Bin Salman, ordenou.
A Turquia, então, deu continuidade ao seu julgamento à revelia contra os sauditas que cometeram o assassinato e os indiciou. Esse representou o caso judicial mais sério relacionado ao assunto, apesar de ser visto principalmente como simbólico.
As tentativas de Ancara de reparar suas relações com Riad fazem parte de seu objetivo de reconciliar-se com os países da região com os quais têm enfrentado dificuldades nos últimos anos. Embora os Emirados Árabes e o Egito tenham saudado isso, com cautela, a Arábia Saudita parece ser inflexível em sua rejeição a tais movimentos.
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