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Uma voz da comunidade muçulmana na Argentina

Entrevista com sheikh Anibal Bachir Bakir sobre o papel do Centro Islâmico da Argentina nas contribuições da comunidade para a vida nacional.
Sheikh Anibal Bachir Bakir é recebido pelo Papa no Vaticano, em novembro de 2019 [Arquivo - CIRA]
Sheikh Anibal Bachir Bakir é recebido pelo Papa no Vaticano, em novembro de 2019 [Arquivo - CIRA]

O Centro Islâmico da República Argentina é a principal referência para a comunidade muçulmana e em sua relação com o governo, entidade religiosas e educativas e instituições públicas no país sulamericano.

É sobre essa instituição centenária, reconhecida por todas as organizações islâmicas internacionais e também uma importante expressão nos diálogos inter-religiosos que seu presidente, o sheikh Anibal Bachir Bakir, fala nesta entrevista ao Monitor do Oriente Médio

Como se formou a comunidade islâmica na Argentina e a instituição do centro islâmico?

Inicialmente, a presença islâmica na Argentina começou há mais de 120 anos, e há muitas fontes que dizem que os muçulmanos estiveram na Argentina em meados do século XIX, e estavam presentes em mais de uma cidade da Argentina.  A maioria pertencia às nacionalidades síria e libanesa, mas hoje a grande maioria vem de  nacionalidades estrangeiras  da Ásia, Europa e América.

O Centro Islâmico da Argentina, localizado na capital, Buenos Aires, foi fundado em 1926 e obteve licença do governo em 1932, tornando-se o porta-voz oficial da comunidade islâmica perante o Estado, governo e departamentos oficiais. É reconhecido por todas as organizações islâmicas internacionais e pertence à Liga Mundial Muçulmana na cidade de Meca, na Arábia Saudita, e ao Conselho Supremo para Assuntos Religiosos no Cairo, afiliado ao Al-Azhar Al-Sharif.

Na Argentina, o governo depende principalmente de nós em tudo o que diz respeito à comunidade muçulmana, mas também nos assessora nas decisões que dizem respeito à sociedade argentina como um todo.

sheikh Anivel Bachir Bakir [CIRA/Facebook]

sheikh Anibal Bachir Bakir [CIRA/Facebook]

E como o Centro se insere na vida da comunidade?

De várias maneiras. Existe uma escola argentina afiliada ao centro chamada Escola Omar bin Al-Khattab e acolhe cerca de 450 alunos, com educação especial para todos os níveis de ensino. Nesta escola 70% dos alunos são da comunidade argentina de várias origens, e 30 % deles são da comunidade islâmica e árabe. Também é afiliada ao centro a Mesquita de Al-Ahmad que foi construída pela lei islâmica comunitária em 1981 com o esforço das pessoas da comunidade e de contribuintes de alguns países árabes . É considerada uma das mesquitas mais importantes da Argentina.

Também temos um programa de rádio na rádio local da Argentina, além de um programa especial de televisão que é transmitido todos os domingos por uma hora chamado “EL CÁLAMO“. Segundo estatísticas oficiais da Argentina, este programa é assistido por um milhão de pessoas todas as semanas. Este programa foi o motivo da conversão de um grande número de argentinos ao Islã.

Nós do Centro Islâmico participamos de universidades públicas e privadas em palestras religiosas e educacionais que falam sobre o Islã e a moral do Islã, para contribuir com a difusão da moral do Islã entre os jovens da sociedade argentina em geral.

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O Centro também participa do diálogo inter-religioso …

Desempenhamos um papel importante no diálogo inter-religioso, desde que o Papa veio a Buenos Aires e conheceu nosso centro e partiu daqui com essa ideia. Ele está sempre disposto a coordenar conosco muitas questões nas quais podemos contribuir com idéias islâmicas, e tem feito muitas declarações que confirmam que ele escuta nossas palavras e as pronuncia como em uma comunidade islâmica.

E no apoio à comunidade islâmica em outros países?

O Centro Islâmico também está sempre empenhado em construir relações mais fortes com os governos de países árabes e muçulmanos em todo o mundo, mas também temos muitas atividades com as quais cooperamos com as comunidades árabes e muçulmanas na América Latina, Ásia, Europa e América.

Procuramos, de acordo com nossas capacidades, contribuir para ajudar o maior número possível de muçulmanos e árabes ao redor do mundo, e, na Argentina, nossa maior contribuição tem sido hospedar refugiados sírios desde 2011. Queríamos fazer com que eles se sentissem fortes na comunidade muçulmana, então lhes garantimos casas e os sustento por um período de tempo. Ajudamos os pais a terem seus próprios empregos e começar uma nova vida profissional na Argentina, alguns deles continuaram conosco aqui e alguns viajaram para outros países.

Sheikh Anivel Bachir Bakir (esq),do Centro Islâmico da República Argentina recebevisita do diretor nacional do Registro Nacional de Cultos do Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto, Dr. Jorge Daniel Stokland. Em 17 de março de 2021 [CIRA]

Sheikh Anibal Bachir Bakir (esq),do Centro Islâmico da República Argentina recebevisita do diretor nacional do Registro Nacional de Cultos do Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto, Dr. Jorge Daniel Stokland. Em 17 de março de 2021 [CIRA]

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E sobre posições políticas?

Temos uma posição firme sobre a questão palestina. Apoiamos a luta dos palestinos contra a ocupação sionista, e afirmamos seu direito às suas terras e santidades, e que ninguém tem o direito de privá-los ou deportá-los. Esta é uma posição muito clara entre nós e o Estado. Nós a tornamos pública frente a todos os sucessivos governos da Argentina.

Vocês têm coordenação com instituições no Brasil?

Temos participado de diversas conferências, exposições e atividades no Brasil, algumas realizadas por instituições islâmicas, outras árabes, inclusive embaixadas, e temos coordenação permanente com diversas instituições islâmicas e com o sheikh Jihad Hammadeh que nos visita na Argentina e atividades que fortalecem os laços entre as comunidades muçulmanas nos dois países

As comunidades árabe e islâmica no Brasil são muito importantes, estão fortes até agora, e há uma nova geração que ainda está migrando e viajando para morar no Brasil. Convidamos todos os árabes e muçulmanos a aderirem à moral do Islã e a tratar os brasileiros de forma fraterna, pois a história dá testemunhos de árabes e muçulmanos nas relações com as sociedades ocidentais e estrangeiras de que a fraternidade sempre será um bom exemplo para todos.

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