Um assessor próximo do Presidente do Irã Hassan Rouhani renunciou em meio a um escândalo crescente causado pelo vazamento de uma controversa gravação de voz do Ministro de Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif, reportou a agência Anadolu.
Em nota, o gabinete de Rouhani anunciou na quinta-feira (29) a exoneração de Hesamuddin Ahsena, chefe do Centro de Estudos Estratégicos, corpo político influente na presidência iraniana, então substituído pelo porta-voz do governo Ali Rabaie.
Ashena é o principal suspeito no vazamento de um áudio de Zarif que escalou em grave crise política e levou diversas figuras conservadoras a pedir a demissão do chanceler iraniano.
No último domingo (25), agências de imprensa estrangeiras divulgaram uma gravação de três horas na qual Zarif discute uma série de questões, incluindo a influência exercida na política externa pelo falecido comandante das forças al-Quds, Qassem Soleimani.
Na quarta-feira (28), Rouhani distanciou a si mesmo e seu governo dos comentários de Zarif e prometeu severidade aos responsáveis pelo vazamento à televisão estrangeira.
Ashena liderou a equipe que gravou o áudio como parte de um projeto de história oral em caráter confidencial.
Conforme o comunicado oficial, Rouhani reiterou que o novo chefe do Centro de Estudos Estratégicos deverá preparar relatórios e planos sobre política interna e externa, economia, programas sociais e questões culturais proeminentes.
Um ninho de vespas
Zarif está em turnê regional desde antes do escândalo e chegou ao Kuwait na quinta-feira.
Ao retornar a Teerã, espera-se que compareça às comissões de assuntos internacionais e segurança interna do parlamento para esclarecer seus comentários, em particular sobre a morte do comandante militar iraniano Qassem Soleimani, em janeiro de 2020.
O áudio incitou controvérsia na república islâmica e apelos pela demissão do chanceler.
Na quarta-feira, o ex-Ministro de Relações Exteriores Manouchehr Mottaki, em debate online, equiparou a declaração vazada de Zarif a um “assassinato político” de Soleimani, ao argumentar que a única forma de redenção seria agora sua renúncia do cargo.
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