Salim al-Zanoun, presidente do Conselho Nacional Palestino (CNP), defendeu a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) contra alegações de ensinar “discurso de ódio” em suas escolas, reportou ontem (4) a agência de notícias Sama.
Recentemente, a União Europeia aprovou uma resolução para exigir que “materiais odientos sejam removidos imediatamente” das instituições de ensino administradas pela entidade humanitária da ONU, ao ameaçar condicionar recursos à demanda.
O bloco europeu acusa o currículo da UNRWA de descumprir padrões de tolerância e não-violência da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Segundo relatos, a resolução é parte do procedimento orçamentário anual da União Europeia, que busca averiguar como são gastos os recursos do contribuinte europeu.
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Em carta ao Parlamento Europeu, al-Zanoun enalteceu o apoio político e financeiro do bloco a programas assistenciais ao povo palestino. Porém, lamentou as “alegações perigosas” sobre a UNRWA, ao insistir que seus textos didáticos cumprem os padrões da Unesco.
Al-Zanoun destacou que o material utilizado nas escolas da agência humanitária tem como foco a narrativa palestina, com o objetivo de preservar a dignidade e paz na região.
O chefe do CNP — órgão instituído para representar palestinos nos territórios ocupados e na diáspora — citou elogios de órgãos internacionais ao sistema educacional palestino e reiterou que, ao contrário, o currículo israelense claramente incita violência, racismo e ódio.
“A grade do país anfitrião é utilizada pela UNRWA em todos os seus campos de operação e o conteúdo dos materiais didáticos é profundamente analisado para garantir anuência aos valores e princípios das Nações Unidas”, argumentou a agência em nota.
Prosseguiu: “Em casos bastante raros nos quais são encontradas discrepâncias, um robusto sistema entra em vigor para abordá-las”.
“Sugerir que o ódio é inerente à agência não é apenas falso como corrobora ataques sensacionalistas de motivação política que buscam deslegitimar a UNRWA e prejudicar os mais palestinos mais vulneráveis, isto é, crianças refugiadas”, concluiu o comunicado.