Uma corte egípcia determinou ontem (4) que a embarcação Ever Given, que bloqueou o Canal de Suez em março, continue apreendida no local, conforme continuam as negociações entre seus proprietários e empresas de seguro para o pagamento das indenizações.
O Ever Given encalhou em uma via única do Canal de Suez, no Egito, em 23 de março, a caminho de Roterdã, e eventualmente foi liberado por uma frota de mais de quatrocentos rebocadores estacionados em ambos os lados do gigantesco navio de carga.
Suez permaneceu obstruído por seis dias e suspendeu provisoriamente boa parte do comércio global. Neste período, muitas rotas tiveram de ser redirecionadas para circundar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano.
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Imagens de um pequeno rebocador tentando escavar as margens de Suez para desencalhar a embarcação de 400 metros de extensão — equivalente, por exemplo, a quatro campos de futebol — viralizaram nas redes sociais.
Sob ordem judicial, autoridades egípcias apreenderam o navio em abril, como forma de garantia ao pagamento de reparações financeiras.
A empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do navio, entrou com recurso contra a apreensão e recorreu à Convenção Internacional sobre Limitação de Responsabilidade Marinha para restringir as indenizações a US$115 milhões — contudo, indeferido.
A equipe técnica do Ever Given descreveu a ordem egípcia para confiscá-lo como “extremamente frustrante”, ao argumentar que sua tripulação e oficiais administrativos “cooperaram em absoluto com todas as autoridades”.
A Autoridade do Canal de Suez reivindica US$916 milhões em compensação aos custos da suspensão do intenso tráfego comercial na via marítima, da operação de resgate e do prejuízo em tarifas alfandegárias ao estado egípcio, enquanto o navio estava encalhado.