O Departamento de Estado dos Estados Unidos negou relatos de agências de imprensa próximas à monarquia marroquina sobre uma suposta decisão do presidente Joe Biden de reverter ou manter o reconhecimento da soberania de Rabat sobre o Saara Ocidental.
A chancelaria em Washington também desmentiu rumores de um anúncio do Secretário de Estado Antony Blinken ao Ministro de Relações Exteriores do Marrocos Nasser Bourita de que a decisão do ex-presidente americano Donald Trump não seria revogada.
Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou nesta terça-feira (4) que o governo Biden não decidiu ainda sobre a questão
Desde 1975, o Marrocos permanece em conflito com a Frente Polisário, movimento apoiado pela Argélia, que reivindica a independência do Saara Ocidental. Em 1991, um acordo de cessar-fogo interrompeu o confronto armado entre as partes.
Rabat insiste em seu direito de governar a região, mas propôs conceder autonomia local ao povo saaraui, desde que mantida a soberania da coroa marroquina.
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O cessar-fogo, entretanto, chegou ao fim em 2020, quando o Marrocos retomou operações militares na travessia de Guerguerat.
Na última semana, relatos surgiram de que Blinken prometeu a Bourita que a atual administração dos Estados Unidos não reverteria o reconhecimento de Trump da soberania marroquina sobre o território disputado, ao menos no presente momento.
“Nenhuma decisão do tipo foi tomada”, reiterou o porta-voz americano à rede de televisão Alhurra. “Estamos conduzindo conversas em particular com as partes em disputa sobre o melhor caminho para avançar com a questão e não temos nada mais a anunciar”.
Em janeiro de 2021, pouco antes do novo governo assumir posse na Casa Branca, um oficial da equipe de transição de Biden, descreveu a ainda recente decisão de Trump sobre o Saara Ocidental como uma “manobra de última hora”, em processo de revisão.
“O próximo governo decidirá sobre a questão ao tomar em consideração um único critério, os interesses nacionais”, declarou o assessor do então presidente eleito ao The Washington Post.
Segundo a mesma fonte, decisões do tipo foram tomadas sob pressão exercida por Jared Kushner, genro e assessor presidencial de Trump, como moeda de troca a países árabes que aceitaram normalizar relações com o Estado de Israel.
Diversos diplomatas e políticos dos Estados Unidos exortaram Biden a reverter a decisão do ex-presidente republicano sobre o Saara Ocidental, ao descrevê-la como golpe aos paradigmas da política externa de Washington e suas posições históricas sobre o conflito.