O presidente tunisino, Kais Saied, disse estar pronto para dialogar, com condições, para tirar o país da crise em curso, depois de rejeitar iniciativas que pedem um diálogo nacional.
A presidência tunisiana disse em um comunicado na terça-feira que “o presidente Kais Saied se reuniu hoje no Palácio Presidencial de Cartago com o secretário-geral do Movimento Popular, Zuhair Maghzawi” para discutir o impasse político, econômico e social e as formas de superá-lo.
O comunicado acrescentou que Saied expressou sua disposição em considerar o diálogo para resolver a calamidade da Tunísia, destacando que essas conversas devem ser diferentes daquelas que a Tunísia tem conhecido nos últimos anos, pois devem ser buscadas soluções sérias para os problemas do povo.
O comunicado indicou que “o povo tunisino tem resolvido seus problemas por si mesmo, e o diálogo pode ser o marco para definir e arranjar soluções a partir da vontade popular”.
Pela primeira vez, o presidente concordou em manter um diálogo nacional, depois de confirmar, em 6 de abril, que não negociaria com aqueles que chamou de “ladrões”.
Saied já havia questionado o propósito de conduzir um diálogo “nacional” com as partes “que não têm nenhuma visão para a pátria”.
Esta aprovação condicional para manter um diálogo nacional vem quatro dias depois de Noureddine Taboubi, secretário-geral da União Geral do Trabalho da Tunísia (UGTT), o maior sindicato do país, ter pedido ao presidente para se engajar “antes que seja tarde demais”.
Taboubi alertou que adiar mais o diálogo só vai piorar a situação, “pois todos os indicadores apontam para o país estar à beira do abismo”.
A Tunísia está atualmente passando por uma crise econômica e social sufocante, que foi exacerbada pelas repercussões da pandemia do coronavírus, levando a um declínio econômico acentuado durante o ano atual. Protestos surgiram em várias regiões pedindo às autoridades que atendessem às demandas de grupos sociais específicos.
Isso ocorre no momento em que se intensifica uma disputa entre Saied e o primeiro-ministro Hichem Mechichi, desde que este último anunciou uma remodelação parcial do governo. Saied ainda não convidou os novos ministros para fazer o juramento de posse, pois ele considera que essa remodelação foi marcada por violações.
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