Grupos armados invadiram na sexta-feira (7) um hotel em Trípoli onde ocasionalmente reúne-se o novo Conselho Presidencial da Líbia, reportou Najwa Wahiba, porta-voz do órgão executivo, nas redes sociais, ao reiterar os riscos ainda impostos à união do estado.
As informações são da agência Reuters.
Imagens não-verificadas divulgadas das redes sociais registraram homens armados e uniformizados na entrada do Hotel Corinthia. A invasão ocorreu em protesto contra políticas e declarações da atual Ministra de Relações Exteriores da Líbia Najla el-Mangoush.
Wahiba destacou que não havia nenhum membro do conselho dentro do edifício, na ocasião.
O Conselho Presidencial do novo Governo de União Nacional da Líbia, que exerce papel de chefe de estado, foi escolhido via processo político mediado pela ONU e tomou posse em março, ao substituir ambas as administrações rivais no leste e oeste do país.
O premiê Abdelhamid Dbeibeh foi designado para conduzir esforços de aproximação entre as principais facções em conflito no país norte-africano, ao compor um vasto gabinete que abrange figuras de diferentes filiações políticas, tribais e ideológicas.
Entretanto, o governo líbio ainda enfrenta críticas internas e desafios à sua autoridade
No leste do país, o comandante Khalifa Haftar e seu autodenominado Exército Nacional da Líbia (ENL), coalizão de grupos paramilitares, ainda mantêm forte influência local, mesmo após a derrota de sua ofensiva de catorze meses contra a capital, no último ano.
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Os grupos armados que expulsaram as forças de Haftar da capital, com apoio da Turquia, não obstante, ainda controlam as ruas de Trípoli.
Mercenários estrangeiros permanecem entrincheirados em ambos os lados da linha de batalha fortificada, apesar de apelos internacionais para sua retirada.
Na última semana, a chanceler líbia voltou a reivindicar que todos os combatentes estrangeiros deixem o país, durante uma visita de sua contraparte turca Mevlut Cavusoglu.
A Turquia recusa-se a retirar suas tropas, ao alegar que sua presença militar no país norte-africano é diferente das demais forças externas, pois decorre de um suposto convite do mandato anterior do governo reconhecido pela ONU.
Ainda antes da invasão ao hotel em Trípoli, na sexta-feira, uma sala de operações de grupos armados na capital relatou reunir-se para discutir as “declarações irresponsáveis” de Mangoush e então exortou o governo central a condenar formalmente Haftar.